Para os quase 50 alunos da escolinha de futebol do Coque, comunidade de baixa renda localizada na Ilha de Joana Bezerra, na Região Metropolitana do Recife, este domingo (27/10) será de profunda frustração. Depois de passar a semana “respirando” uma provável visita do atacante Walter, que nasceu no local e viria à capital pernambucana, com o Goiás, para enfrentar o Náuticos, às 18h30 de hoje, na Arena Pernambuco, as crianças terão de se contentar em apenas torcer pela recuperação do ídolo. O jogador foi poupado do confronto diante do Timbu e ficou em Goiânia tratando um estiramento na coxa direita. A lesão foi sofrida na última quinta-feira, durante a partida contra o Vasco, que classificou o alviverde para as semifinais da Copa do Brasil.
O confronto do Periquito diante do Náutico, válido pela 31ª rodada da Série A nacional, seria o segundo jogo de Walter, como titular de uma equipe profissional, no Recife. A primeira vez que o goleador atuou na capital pernambucana nessas condições foi em 2007, coincidentemente também diante do Timbu, só que com a camisa do Internacional. Na ocasião, colorados e alvirrubros empataram por 1x1, com participação fundamental do pernambucano no gol da equipe gaúcha.
A decepção das crianças do Coque em não poderem conhecer de perto o jogador que, assim como elas, experimentou todo tipo de privação na infância, se justifica, principalmente, quando se dá uma breve olhada no campinho improvisado de 15m x 7m em que elas treinam três vezes por semana.
As traves mal se sustentam em meio a redes de balizas completamente esburacadas. Isso, no entanto, nem é o mais grave. No chão de terra batida, pedrinhas afiadas insistem em limitar os ágeis movimentos de pequenos pés descalços. “Só sentimos os cortes depois que o treino acaba, porque, quando a bola rola, não ligamos para mais nada”, disse David de Lima, de 7 anos.
Apesar de ocorrer em condições precárias, a recém-criada escolinha de futebol da Coque é considerada pelos alunos a melhor coisa que poderia ter acontecido em suas vidas.