1º de maio de 1988. No Dia do Trabalhador, a gaúcha Niege Dias conquistava o WTA de Barcelona ao vencer a argentina Betina Fulco por duplo 6-3. Quase 27 anos depois, uma pernambucana quebrou o tabu e colocou novamente o tênis feminino no mapa dos títulos. Neste domingo (19), com parciais de 7-6 (2) e 6-1, Teliana Pereira derrotou a cazaque Yaroslava Shvedova e levantou, pela primeira vez na carreira, o título do WTA de Bogotá, na Colômbia.
Com a vitória, a pernambucana alcançará a melhor posição da carreira a partir desta segunda (20), com a atualização do ranking da WTA. Teliana ultrapassará 49 oponentes, saindo da 130º posição para a 81ª, seis lugares à frente da sua melhor marca, de outubro de 2013.
O caminho na Colômbia foi rodeado de grandes resultados. Logo na primeira rodada, a pernambucana despachou Francesca Schiavone, número 70 do mundo e que foi campeã de Roland Garros em 2010. Logo depois, venceu Mandy Minella e Lourdes Lino para pegar a cabeça de chave 1 do torneio e 27ª do ranking mundial, a ucraniana Eliva Svitolina. Sem sentir a pressão, venceu mais uma vez sem perder sets (não foi derrotada em um único set sequer no torneio inteiro) para chegar a primeira final da carreira. E a começar a fazer história para o Brasil.
O JOGO
O começo do primeiro set foi maluco, com quatro quebras de serviço nos oito games iniciais. Teliana começou bem, abrindo 2-0 com facilidade. Shvedova, porém, se acertou no jogo e ganhou quatro parciais em sequência para fazer 4-2. Em mais uma reviravolta, a pernambucana devolveu a quebra e virou novamente, para 5-4. Com serviços mais firmes, as duas confirmaram os saques até o fim e foram para o tiebreak. Lá, a brasileira foi simplesmente perfeita, fechando em 7-2 com ampla facilidade.
A tranquilidade para fechar o tiebreak de Teliana abalou a cazaque. Totalmente fora da partida, a europeia começou a jogar bolas fáceis para fora. Sem perder a concentração com o mau momento da adversária, a pernambucana abriu 5-0 no set final. Sacando, a brasileira chegou a ter um match point, mas ficou nervosa e desperdiçou, deixando Shvelova fazer o seu único game da parcial. Logo depois, porém, Teliana Pereira quebrou a cazaque pela quarta vez seguida e jogou a raquete para cima. Depois de quase 27 anos, temos mais uma campeã brasileira no tênis.
Na cerimônia de premiação, as lágrimas, assim que lhe entregaram o inédito troféu, foram inevitáveis. "Hoje é o dia mais especial da minha vida. Ano passado, passei por um momento muito difícil na carreira, quando me machuquei e passei o final de 2014 sem jogar. Assim que voltei, botei na cabeça que, todos os dias, teria que dar o meu melhor. Queria agradecer ao meu irmão e técnico, Renato Pereira. Sem ele, nada disso seria possível. Quando estou jogando e o vejo do lado de fora, sinto uma coisa muito especial. Passei uma semana incrível aqui em Bogotá", afirmou a pernambucana.