Na campanha até o inédito título mundial para o Brasil, no ano passado, uma prece sempre precedia as entradas de Gabriel Medina no mar. Em 2015, o ritual vem se repetindo, mas o desempenho do brasileiro já não é o mesmo. A defesa da taça começou tão complicada que ele já tem a pior campanha de um campeão, no ano subsequente à conquista, desde 1994. De líder em 2014, o brasileiro despencou para a 20ª posição do ranking após as cinco primeiras etapas da Liga Mundial de Surfe (WSL, na sigla em inglês). A partir de quarta-feira, entretanto, Medina pode ter uma nova chance de “desencantar” na competição, com o início do J-Bay Pro, em Jeffrey's Bay, na África do Sul. O evento tem janela de realização aberta até o próximo dia 19.
Como apenas os 22 primeiros surfistas do ranking permanecem na elite em 2016, o “Fenômeno de Maresias”, no Litoral Norte de São Paulo, precisa se apressar para obter bons resultados. A etapa de J-Bay, que tem como atual campeão o australiano Mick Fanning, já é a sexta das 11 que a WSL pretende realizar até o fim da temporada. Além do calendário que se afunila, o retrospecto do brasileiro não vem sendo dos melhores.
O resultado mais expressivo do atual campeão mundial foi o quinto lugar obtido em Bells Beach, na Austrália. Nas demais etapas da perna australiana da competição, em Gold Coast e Margaret River, ele amargou eliminações na terceira e segunda fases, nessa ordem. No Rio de Janeiro e em Fiji, Medina voltou a cair no terceiro round.
“Não sei dizer ao certo o que vem acontecendo comigo. O ano de 2015 tem sido muito difícil. Em algumas baterias, o mar não estava tão bom. Em outras, eu me senti estranho. Sei lá. Mas continuo treinando com a mesma dedicação e pretendo conquistar um resultado melhor o quanto antes. Tomara que seja em J-Bay. Se Deus quiser, vai dar tudo certo”, disse o surfista em coletiva de imprensa.
Para ser campeão mundial no ano passado, o paulista fechou a competição com 62.800 pontos, vencendo em Gold Coast, Fiji e no Taiti (cada título em etapas vale 10.000). Na atual temporada, ele tem 10.950 de pontuação. Para chegar ao bicampeonato, o paulista teria que triunfar, no mínimo, em cinco eventos.
Para piorar outros dois brasileiros estão fazendo um campeonato excepcional. Passadas as cinco primeiras etapas, Mineirinho é o líder do ranking com assombrosos 28.000. Filipe Toledo, por sua vez, é o segundo surfista melhor classificado, com 27.450. Ou seja, para continuar sonhando com a conquista do segundo título mundial ainda este ano, Gabriel Medina também vai precisar caprichar na torcida contra os amigos da “Brazilian Storm” (Tempestade Brasileira). Além de, claro, voltar a surfar tudo o que sabe.
