"Ter um sonho e alcançá-lo. Assim é minha vida”. A frase usada por Michael Phelps na sua última vinda ao Brasil, no início do ano passado, para resumir a sua carreira, para qualquer atleta seria uma ratificação do seu sucesso profissional.
Se colocada ao lado do currículo do nadador, a expressão, no entanto, soa simplória para representar o que ele realmente proporcionou ao esporte longo dos seus 30 anos, 25 deles dedicados às piscinas. Mais do que realizar sonhos, o americano tornou-se a personificação de uma verdadeira lenda. Um mito.
Atleta mais premiado da história, com 22 medalhas em quatro Olimpíadas disputadas, Phelps é o maior campeão de todos os tempos. Durante mais de uma década eternizou seu nome na história com incansáveis quebras de recordes mundiais.
O nadador é detentor do recorde de medalhas de ouro (18), de títulos olímpicos em uma mesma edição dos Jogos (8), além de ser o primeiro na história a ganhar pelo menos três insígnias de ouros em três edições diferentes do principal torneio esportivo do universo.
Apesar da participação em quatro Olimpíadas, as primeiras façanhas de Michael Phelps só foram alcançadas em Atenas-2004, quando conquistou seis ouros e dois bronzes. Para quem achava que as proezas não podiam ser superadas, em Pequim-2008, ele voltou a deixar o mundo boquiaberto ao subir oito vezes ao lugar mais alto do pódio, estabelecendo as melhores marcas da modalidade em todos os títulos. Em Londres-2012, as glórias foram mais diminutas, porém igualmente grandiosas. Foram “singelas” quatro medalhas douradas e duas prateadas.
O único momento em que o americano teve o seu brilho ofuscado aconteceu na metade do ano passado, quando foi impedido pela Federação de Natação dos EUA de disputar o Mundial de Kazan, na Rússia, por ser detido pela polícia duas vezes enquanto dirigia bêbado. Após se declarar culpado e receber o direito de cumprir sua pena em liberdade condicional, o nadador se internou em uma clínica de reabilitação por 45 dias.
O ocorrido revelou um novo Phelps. Não apenas restaurado mentalmente, o atleta aparenta estar visualmente mais amadurecido. Não apenas pela redução de gordura corporal do período em que passou em recuperação. O americano deixou o cabelo crescer, assim como a barba. A antiga “aparência-padrão” de um nadador, com o mínimo de pelos possíveis no corpo, para minimizar o atrito com a água, já não convém.
Menos preocupado com a estética e mais com a qualidade de vida, Michael Phelphs, hoje, treina em piscinas ao ar livre, algo que raramente acontecia anteriormente. “Acabar de nadar, olhar para cima e ver um céu azul, sem nuvens. Isso para mim é fantástico”, afirmou.
Após cogitar pendurar a touca e os óculos aquáticos em duas oportunidades, afirmando que as Olimpíadas de Londres seriam os seus últimos jogos, Phelps já adota um discurso mais cauteloso quanto a vir ao Rio de Janeiro neste ano, para a felicidade dos amantes do esporte.
“Os jogos são muito grandes e emocionantes. É por isso que eu ainda estou aqui. Tudo é possível. Eu acredito que há ainda mais coisa guardada no meu tanque e isso porque Bob (seu treinador) e eu realmente descobrimos como chegar lá. Acho que estou no caminho certo”, disse.