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Nikita de várias gerações

Pernambucano aprendeu a nadar sozinho, foi aos Jogos de 1968 e é conhecido por formar atletas com notoriedade nacional

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Publicado em 08/05/2016 às 8:38
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Pernambucano aprendeu a nadar sozinho, foi aos Jogos de 1968 e é conhecido por formar atletas com notoriedade nacional - FOTO: JC Imagem
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Em Pernambuco, quando o assunto diz respeito à natação é praticamente impossível não lembrar o técnico João Reinaldo. Nikita, como é popularmente conhecido, revelou nomes como Joanna Maranhão e Etiene Medeiros, que vão representar o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no próximo mês de agosto. Seu envolvimento com o esporte, porém, vai muito além do que as gerações mais novas conhecem das piscinas contemporâneas. Além de trabalhar na formação de vários nadadores, Nikita teve seus anos de glória no esporte nacional e internacional.

Autodidata e altamente metódico, ele aprendeu a nadar sozinho no início da década de 1960. O alto rendimento foi uma grata consequência na trajetória de Nikita, que sempre foi fanático por esportes, tentou jogar futebol, mas descobriu que não tinha habilidade nenhuma com a bola. “Meus amigos da rua costumavam tomar banho de piscina no Clube Português e eu comecei a acompanhá-los. Mas antes disso nunca tinha entrado em uma piscina. Gostei muito. Fiquei doido por piscina e aprendi a nadar”, contou. Meses depois, o clube realizou avaliações com os nadadores para montar uma equipe e Nikita foi escolhido para integrar o grupo. 

Em 1965, ele ganhou a primeira medalha na carreira e começou a levar o esporte à sério. Treinou com mais intensidade e, em 1966, bateu o primeiro recorde brasileiro nos 200m borboleta. Ganhou notoriedade como atleta profissional e foi convocado para a primeira competição internacional: um Sul-Americano em Lima, no Peru. No ano seguinte, conquistou o bronze nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá. Na ocasião, ele e sua equipe garantiram a classificação do Brasil no revezamento 4x100m medley. A disciplina nos treinos fez de Nikita um nadador olímpico, afinal, ele conseguiu estabelecer novo índice para defender o Brasil nos Jogos da Cidade do México. 

Na época, o alto rendimento não era tratado como é hoje e, por isso, não houve preparação adequada. Nikita contou que era necessário chegar com semanas de antecedência ao local para se adaptar principalmente a altitude de 2.250 metros. Ele, por exemplo, só aportou na Cidade do México dias antes de competir. Teve que enfrentar as consequências da mudança de clima e uma forte gripe. A participação não foi das melhores, mas o pernambucano guarda com carinho as lembranças que reuniu dessa época. 

Depois de experiências significativas enquanto nadador, Nikita traçou um novo caminho longe das piscinas. Ingressou nas faculdades de Economia e Educação Física e, a partir desse conhecimento teórico, ele deu início à carreira como técnico de natação. Passou pelo Náutico, Clube Português e Sesi até abrir sua própria instituição, em Boa Viagem. O nome “Nikita” se tornou uma marca de eficiência esportiva, especialmente na natação. Como formador de talentos, o pernambucano foi responsável por preparar os atletas olímpicos Kaio Márcio, Paulo Maurício, Adriana Salazar, Joanna Maranhão e Etiene Medeiros. Nikita é memória viva de momentos emblemáticos da natação. “Eu consegui fazer parte dessa história porque aprendi que prática e teoria se unem para ajudar na formação de grandes nadadores. Tudo é planejamento e disciplina”, concluiu o técnico, que nos Jogos do Rio vai assistir as performances das pupilas Joanna e Etiene.

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