O apagar da chama olímpica nos Jogos do Rio acionou novamente o cronômetro. Um novo ciclo até Tóquio-2020 acabou de começar. O término da Olimpíada brasileira também decretou o fim de uma geração de atletas pernambucanos, que não devem suportar mais quatro anos de preparação até os próximos Jogos. Dos 15 competidores do Estado que estiveram no Rio, metade tem mais de 30 anos. A formação de outros nomes, porém, esbarra em um cenário desfavorável. Boa parte das escolas particulares não valoriza mais o esporte de competição, os clubes continuam despendendo tratamento amador às modalidades olímpicas, enquanto o poder público tenta cumprir promessas e suprir a negligência de gestões passadas.
Como o esporte de alto rendimento nunca foi uma realidade no Estado - boa parte dos atletas olímpicos de Pernambuco se radicaram no Sudeste para se profissionalizar -, um dos aspectos mais preocupantes na formação das próximas gerações diz respeito ao enfraquecimento do trabalho de base. A falta de recursos nos locais que oferecem aulas gratuitas, como as escolas públicas, afugenta os técnicos que atuam com a iniciação. Já as escolinhas restritas aos mensalistas dos colégios particulares e clubes diminuem drasticamente o volume de crianças atendidas. “Utilizamos os esportes como mais uma ferramenta para contribuir na formação de nossos alunos. Lógico que há um caráter de competição, mas esse não é o nosso objetivo”, justificou o coordenador de esportes do Colégio Marista São Luís, Luiz Lopes.
Outra mudança no desporto local diz respeito à suspensão das bolsas de estudo para atletas em escolas particulares. Essa política funcionava como estímulo para um bom número de crianças se dedicarem verdadeiramente aos esportes. Muitos dos pernambucanos que estiveram nos Jogos do Rio, inclusive, foram bolsistas, como Dani Lins da seleção de vôlei e a pentatleta Yane Marques.
Tentando atrair novamente o interesse das escolas para o esporte, a secretaria de Turismo, Esporte e Lazer de Pernambuco vem investindo, desde 2014, no resgate dos Jogos Escolares. Na década de 1980, o evento tinha grande tradição, colaborando para revelar atletas olímpicos, como a nadadora Adriana Salazar e o campeão olímpico de vôlei Pampa. “O trabalho do Governo de Pernambuco é estimular o esporte escolar. Estamos fazendo isso em várias frentes. A principal são os Jogos Escolares. São mais de 60 mil estudantes das redes pública e particular em ação durante oito meses. A ideia é que, com o trabalho desenvolvido, esses números continuem crescendo”, declarou o secretário Felipe Carreras.
Como os clubes do Estado não costumam oferecer remuneração aos atletas que já estão em formação, tampouco estrutura multidisciplinar para as suas preparações, o governo do Estado também vem tentando suprir essa lacuna. “Temos 313 atletas no Bolsa Atleta e 20 no Time PE, além de termos concedido, só em 2016, 118 passagens para 18 modalidades com o Passaporte Esportivo”, contou Carreras.
Um problema que continua sem solução, porém, é a falta de grandes equipamentos esportivos no Estado. “Não temos como negar que existe uma deficiência. Temos o Santos Dumont, o Geraldão e o Centro de Petrolina. O Santos Dumont vai passar por uma grande reforma. Um investimento superior a R$ 20 milhões. O Geraldão, que tem 46 anos, nunca tinha passado por nenhuma grande intervenção até o prefeito Geraldo Júlio tirar esse sonho do papel. Nos próximos meses, deve ser concluído”, assegurou.