Quem costuma transitar pela Avenida Marechal Mascarenhas de Morais, no bairro da Imbiribeira, certamente já deve ter demonstrado descontentamento ou, no mínimo, curiosidade a respeito da situação do Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães, ou apenas Geraldão, com a devida grandeza que é sugerida pelo aumentativo no apelido. Afinal, há um bom tempo que tapumes, ferragens e entulho se tornaram parte da paisagem local. Mais precisamente, há cinco anos e quatro meses, desde que as obras de revitalização do espaço tiveram início, em julho de 2013.
Desde a fundação em 1970, sob administração da Prefeitura do Recife - à época entre os três maiores ginásios do Brasil - o Geraldão já surgiu como principal palco de eventos esportivos indoor e culturais de Pernambuco, como o memorável show dos Doces Bárbaros, em 76. Com o passar dos anos, no entanto, o equipamento histórico projetado pelo arquiteto e urbanista Ícaro de Castro Melo, não acompanhou a modernização. Ou melhor, não acompanhava.
Isso porque, após nova visita realizada pela reportagem do JC, constatou-se que o Geraldão alcançou o seu estágio mais avançado no processo de reestruturação, estimado como 75% do total realizado. E de acordo com o Gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura, a obra ganha ainda um novo prazo de conclusão, previsto entre o fim de fevereiro e o começo de março de 2019. Um “breve cochilo’ a mais, pode-se dizer, para um gigante que está prestes a acordar.
A obra, orçada no total de R$ 43 milhões, já teve investidos cerca de R$ 28 mi, sendo R$ 23,8 mi provenientes da Prefeitura do Recife e os demais R$ 4,2 mi advindos do Governo Federal por meio de convênio anunciado ainda em junho de 2013. De lá para cá, foram inúmeros adiamentos e até mesmo paralisação, com visita do Jornal do Commercio constatando até falta de profissionais na obra, em maio do ano passado.
Para justificar tamanho atraso na maior requalificação da história do ginásio, a Prefeitura do Recife recorre à crise econômica enfrentada pelo país e, consequentemente, pelo setor de construção civil.
Recentemente, após a última retomada às obras em novembro de 2017, ficou determinado o segundo semestre de 2018 como prazo. No entanto, uma alteração no projeto de climatização da área interna do Geraldão gerou mais um intervalo para o processo burocrático de licitação a ser aprovada pela Caixa Econômica Federal, financiadora da obra.
Apesar do novo adiamento, a impressão provocada após a última visita da equipe de reportagem é animadora. Etapas fundamentais para a liberação do Geraldão já foram concluídas. Grande parte da etapa da construção civil, inclusive, já atravessa fase de acabamento, com instalações hidráulicas e elétricas devidamente distribuídas.
PROJETO
O projeto de revitalização do ginásio apresenta um tratamento especial, agregando modernidade e conforto às características originais do Geraldão. Da estrutura original de concreto, nenhuma mudança. De acordo com o engenheiro responsável pela obra e chefe do Gabinete de Projetos Especiais da Prefeitura do Recife, João Guilherme Ferraz, a base original de concreto não sofreu danos estruturais ao longo das décadas. A área interna do estádio, porém, sofreu a maior deterioração, graças ao contato com água da chuva, inerente da falta de cobertura a que o equipamento foi submetido por um determinado período durante a obra.
O conceito de qualidade e conforto pode ser visto desde as novas rampas metálicas de acesso, no layout dos assentos novos e no cuidado com acessibilidade e qualidade dos espetáculos com transmissão pela imprensa e iluminação, além do devido conforto a atletas que farão uso do equipamento. Ao mesmo tempo, a preservação do charme de um equipamento histórico se apresenta na manutenção de detalhes originais, a exemplo dos tijolos com furos e material característicos, que ajudam na preservação do sistema acústico do Geraldão.
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