O poder de superação do esporte vale para profissionais e amadores. A nadadora Etiene Medeiros já viveu alguns episódios angustiantes em sua carreira e conseguiu ultrapassá-los em busca de triunfos. O episódio mais recente aconteceu na semana passada, quando a pernambucana observou o tricampeonato mundial nos 50m costas ser deixado de lado por conta de um erro. A frustração pelo 15º geral na prova cedeu lugar para a satisfação do bronze nos 50m livre. Etiene não esconde que o esporte fortalece e transforma. Com o tempo 23seg76, ela se tornou a recordista das Américas da prova mais veloz da natação. Ela ainda faturou o segundo pódio feminino em Mundiais em provas olímpicas – a primeira medalha foi conquistada por Daiene Dias, nos 100m borboleta, também na semana passada.
O título não veio, mas o bronze nos 50m livre surge em um momento crucial na carreira da pernambucana. A grande questão é que, embora os 50m costas tenha oferecido muitas conquistas para Etiene, a prova não consta na programação dos Jogos Olímpicos. Por outro lado, os 50m livre é considerada a modalidade mais tradicional da natação e Etiene apresenta enorme potencial na disputa. Para se ter uma ideia, ela foi a única finalista nas Olimpíadas do Rio justamente na modalidade.
Por conta dos últimos acontecimentos, Etiene analisará sua participação nas duas modalidades. “Não tem como esquecer essa prova. Eu sei muito bem do meu potencial nos 50m livre. É nato e acontece desde pequena. É uma prova que me deu a final olímpica. Eu fui (para a final) com a cara e a coragem. E o esporte é muito gratificante porque eu consegui superar, eu consegui passar por um obstáculo muito difícil para mim. Tudo tem um propósito para as coisas acontecerem”, argumentou a pernambucana, que completou. “Com tudo o que aconteceu, eu acredito bem mais em mim. Já conversei com Vanza (treinador Fernando Vanzela) sobre o que podemos fazer nos próximos anos e mudar algumas coisas. Estou me posicionando porque visualizo oportunidades”, argumentou Etiene.
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Em Hangzhou, na China, a pernambucana era a grande favorita entre as concorrentes dos 50m costas. Entraria na piscina para buscar o tricampeonato consecutivo na prova, algo inédito para natação feminina brasileira. No entanto, um “erro bobo” tirou as chances de Etiene sonhar com o pódio da competição. Ela escorreu na largada da etapa eliminatória e não conseguiu se recuperar a tempo de se classificar para a final. Encerrar na 15ª foi uma frustração para quem mirava o lugar mais alto do pódio do Mundial.
“A competição já estava estranha. Tudo o que foi planejado não aconteceu. Eu escorreguei. Em uma prova de 50m qualquer detalhe é decisivo. Depois que deixei a piscina fui tomada por uma nuvem. Não sabia se falava ou se sorria de nervoso. Eu precisava partir para a próxima e deixar de lado a onda de tristeza. Precisava pegar a oportunidade dos 50m livre da melhor maneira”, revelou a pernambucana, encarou uma das temporadas mais desafiadoras de sua carreira.
Para Etiene, 2018 foi um ano de recomeços. Ainda em janeiro fez uma cirurgia no ombro e passou o primeiro semestre se recuperando do procedimento. Aos poucos ganhou ritmo de competição, disputou o José Finkel e garantiu a vaga para o Mundial da China. Foi então que o foco voltou para o tricampeonato. “Foi um ano difícil. Eu estou bem fisicamente, mas a cabeça está acumulada, cansada, com o pós-cirurgia, recuperação e competições. Vou tirar alguns dias de férias para descansar e voltar com tudo”, observou. A nadadora encerrou sua temporada com a disputa do Torneio Open em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ela passará alguns dias em Fernando de Noronha e depois volta ao Recife para matar as saudades da família.