Tricolor

Euforia e decepção: segunda passagem de Milton Mendes pelo Santa Cruz

O técnico Milton Mendes deixou o Santa Cruz e acertou com o São Bento-SP

Davi Saboya
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Davi Saboya
Publicado em 01/09/2019 às 7:12
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
O técnico Milton Mendes deixou o Santa Cruz e acertou com o São Bento-SP - FOTO: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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O técnico Milton Mendes encerrou o terceiro trabalho em Pernambuco mostrando os mesmos erros das passagens anteriores e deixando vários questionamentos sobre o segundo trabalho no comando do Santa Cruz – na sexta, ele acertou sua ida para o São Bento de Sorocaba. A confiança de início na conquista do acesso à Série B virou decepção em meio a um discurso controverso e cheio de polêmicas, principalmente após a eliminação na Terceira Divisão diante do rival Náutico, semana passada. A metodologia usada não mudou, mesmo depois do trabalho positivo no Sport, na reta final do ano passado, onde quase salvou o Leão na Série A.

Milton Mendes procurou se capacitar antes de ir para a beira do campo. No ano de 2016, desembarcou no Santa Cruz com a “filosofia europeia de comando”. Logo no início, mexeu com as estruturas do Arruda, que não suportaram por muito tempo a nova linha de trabalho e as exigências feitas pelo treinador. Os resultados apareceram rapidamente. Campeão Estadual e Regional, líder do Brasileirão nas primeiras rodadas, mas em seguida uma queda gigantesca, que o clube não conseguiu frear até hoje.

Junto com o mau desempenho dentro das quatro linhas, uma série de problemas internos de relacionamento estouraram envolvendo o comandante, jogadores e membros da comissão técnica. A direção tentou contornar, até porque tinha feito um investimento pesado, mas não teve jeito.

Depois de dois anos, Milton Mendes retornou a Pernambuco para tentar o milagre de tirar o Sport da zona de rebaixamento da Série A. E quase conseguiu. Os problemas de gestão do grupo não apareceram. Talvez pela crise política que vivia o clube. Mas, nos bastidores da época, se sabia que precisava de muito cuidado diariamente.

Após menos de um ano, Milton foi anunciado de forma surpreendente pelo Santa Cruz. Isso porque o patamar financeiro dele é muito acima do que um clube na Série C pode bancar. Um investimento grande para conseguir o acesso. A chegada dele foi com status de “jogador de peso” nos braços da torcida, que lotou o aeroporto para receber o treinador.

Em campo, o Santa Cruz, que não tinha conseguido uma vitória, emplacou uma sequência de quatro triunfos, além de um empate. Como consequência, chegou na vice-liderança. Mas, a festa não durou até a primeira derrota, diante do Treze, fora de casa, pela 10ª rodada.

Milton Mendes não conseguiu encontrar o “time ideal” e abusou das mudanças entre os titulares. Mesmo tendo recebido muitos reforços, deixou claro internamente que o elenco não foi montado da maneira correta, com muitos atletas para uma posição e poucos para outras.

De acordo com informações apuradas pelo Jornal do Commercio, os problemas de relacionamento voltaram a aparecer. O entendimento com o executivo Luciano Sorriso era apenas cordial. Até mesmo com o auxiliar técnico Thiago Duarte, que chegou com ele ao Arruda, surgiram atritos. Tanto que o treinador teria chegado a pedir a demissão do assistente.

A maneira de Milton se relacionar não agradou nem mesmo os jogadores. Por mais que o técnico se defendesse das críticas justificando que era porque exigia demais, a situação chegou a um ponto de que foi necessário o elenco se fechar e tentar “esquecer” o técnico. Atitudes como um passeio de “trenzinho” antes de enfrentar o Confiança, em Aracaju, não foram bem aceitas.

Também não agradou no Arruda a forma como treinador ultrapassava o limite do cargo e entrava em outros departamentos. Como por exemplo, no médico. Na reta final, perdeu o artilheiro Pipico com uma grave lesão na panturrilha. Muito se falou no Arruda porque o centroavante não foi poupado.

Financeiramente, Milton Mendes alterou os números do Santa. O salário dele passou dos três dígitos, fora o parcelamento do passivo de 2016. Alguma alterações estruturais foram feitas. A principal delas a mudança no local da concentração. Ao contrário da época com o antecessor Leston Júnior, que o time ficava no Arruda, o elenco começou a dormir a última noite antes dos jogos em um hotel na beira-mar de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Em dois duelos fora de casa, um segundo ônibus foi solicitado para levar a comissão técnica, mas o departamento de futebol realizou uma “engenharia” para não pesar no orçamento.

ÚLTIMO JOGO

Por fim, no jogo do ano, o clássico contra o Náutico, Milton Mendes conseguiu puxar os holofotes para si, quebrar o foco da equipe coral e “inflamar” o rival ao citar a “Batalha dos Aflitos”. Depois da derrota categórica por 3x1, o técnico chegou a declarar que a equipe “ensinou como jogar futebol”. Declaração que não repercutiu bem na torcida, no Arruda e na crônica esportiva. Fechando assim o ciclo com os mesmos erros de sempre.

Milton Mendes chegou a conversar com a reportagem do JC durante a semana, mas disse que preferia não conceder entrevista.

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