O primeiro encontro entre as partes do processo envolvendo o goleiro Magrão aconteceu nesta quinta-feira (22), na 10ª Vara do Trabalho do Recife. Como já era esperado, o goleiro não compareceu à audiência (está em São Paulo com a família), sendo representado pelo seu advogado, Leonardo Laporta. Já o lado do Sport foi representado pelo advogado Eduardo Coimbra. O vice-presidente jurídico do clube, Marcos Cabral, e o diretor de futebol Nelo Campos também compareceram na audiência.
Mesmo essa causa sendo mantida em segredo de justiça, a reportagem do Jornal do Commercio obteve a informação da realização da audiência de conciliação (para tentar um acordo entre as partes) e foi a única a comparecer na Justiça do Trabalho, acompanhando de perto a movimentação e o andamento da audiência, que teve 1h15 de duração.
A audiência tinha início previsto às 14h (horário que fecham os portões da Justiça do Trabalho). De acordo com apuração, o motivo de as juízas do caso marcarem depois do expediente e manterem o horário guardado a sete chaves era pra evitar algum possível tumulto, já que havia a expectativa de o goleiro Magrão comparecer na audiência. Expectativa essa comprovada pela reportagem, pois todos nos corredores da Justiça do Trabalho só comentavam sobre o assunto. De servidores aos advogados que aguardavam por suas audiências.
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O advogado de Magrão, Leonardo Laporta, chegou por volta das 13h25. De terno cinza escuro, camisa branca, gravata preta, óculos escuros e mochila nas costas, Laporta mostrava um semblante tranquilo. Ao ser abordado pela reportagem do JC, respondeu as perguntas, sem fugir das indagações... Explicando que Magrão não iria comparecer e nem se encontrava no Recife.
Já os representantes do Sport chegaram apenas às 13h45. Eduardo Coimbra (advogado) e Marcos Cabral (vice jurídico), ambos trajados com terno preto, camisa branca e gravata listrada, chegaram esbanjando simpatia e logo foram cumprimentar Eduardo Laporta. Já o diretor de futebol Nelo Campos deixou de lado a formalidade e foi de camisa social e calça jeans, mostrando uma expressão preocupada, mas o gelo foi logo quebrado ao iniciarem uma conversa informal entre as partes.
Antes de entrarem na audiência, durante o bate-papo, Marcos Cabral disse a Laporta: "Somos um clube de acordo. Queremos ver uma melhor composição para um bom acordo para todos", falou o vice-jurídico rubro-negro, recebendo um sinal positivo do advogado de Magrão, que se limitou a dizer: "Muito bom".
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As duas partes foram chamadas para entrar na sala de audiência às 13h55. O JC não teve autorização para entrar, mas ficou acompanhando tudo do lado de fora. Como existia a expectativa de várias pessoas irem à Justiça do Trabalho para acompanhar a audiência, as juízas da 10ª Vara do Trabalho solicitaram a presença de reforço policial. Três agentes da Polícia Federal e mais um segurança de uma empresa privada, que orientaram à reportagem que não poderia ter acesso ou tirar fotos da sala de audiência.
Mesmo do lado de fora, a reportagem conseguiu ver a movimentação do rito da audiência pelas frestas da cortina persiana de PVC, que estava fechada. No posicionamento da mesa onde ficam os magistrados estavam: a Juíza substituta Dra. Maria Carla Dourado de Brito Jurema estava à esquerda, a Juíza Titular Dra. Ana Isabel Guerra Barbosa Koury no centro e, à direita, a assistente de audiência (que registra tudo o que é dito).
Embaixo, na mesa onde ficam as partes, o advogado do Sport, Eduardo Coimbra ficou à esquerda, o representante jurídico de Magrão, Leonardo Laporta à direita (um de frente pro outro), enquanto que Marcos Cabral e Nelo Campos ficaram sentados de frente para as juízas, na cadeira dos espectadores.
A audiência, pelo que pôde ser visto pela reportagem do lado de fora, estava sendo conduzida em um clima bastante amistoso. Com as duas partes esbanjando sorrisos possíveis de ouvir fora da sala de audiência. Em determinado momento, por volta das 14h50, Nelo Campos se retirou da sala e ficou falando ao celular dentro da Secretaria da 10ª Vara, retornando três minutos depois trazendo informações aos presentes.
Quando deu 14h57, Laporta fez uma ligação (pelo que foi apurado, para Magrão), com os três representantes do Sport se retirando da sala de audiência e fazendo uma 'mini-reunião' na Secretaria da 10ª Vara (a reportagem do JC pôde acompanhar pela janela do lado de fora). Todos retornaram à sala de audiência às 15h03. A Juíza Maria Carla Dourado de Brito Jurema fez as considerações finais e encerrou a sessão às 15h10.
Na saída, Nelo Campos saiu sem comentar o que ocorreu na audiência. Já os advogados Eduardo Coimbra e Leonardo Laporta ficaram conversando, afastados da 10ª Vara, por cerca de 20 minutos. Enquanto que o vice-jurídico Marcos Cabral prolongou conversa com as duas juízas por 10 minutos.
POSIÇÃO DOS DOIS LADOS
A reportagem do Jornal do Commercio falou com Marcos Cabral, que mostrou-se aberto para uma solução pacífica. "Não posso falar muita coisa porque o processo está em segredo de justiça, mas o que posso dizer é que as duas partes estão em negociação. Esperamos que todos possam sair felizes e que tudo termine da melhor maneira possível. É isso que temos em mente... O Sport está aqui para resolver e estamos negociando isso", declarou o vice-presidente jurídico rubro-negro.
Já o advogado de Magrão, Leonardo Laporta, saiu da audiência otimista quanto à possibilidade de um acordo. "Estamos conversando questão de valores. Existe a possibilidade de chegarmos num acordo. Ficou combinado que vamos conversar entre as partes e comunicar à Juíza o que aconteceu. Se não sair o acordo, a Juíza vai analisar a liminar (para efeito de tutela e liberação do jogador) e segue o processo com seu rito normal - nesse caso, a audiência seria no dia 25 de setembro", contou.