A indústria da construção está difundindo uma aparência estética mais atraente. Antigamente ligado apenas ao cinza, o concreto agora vem cada vez mais colorido. Os edifícios Plaza de la Libertad, em Medellín; a Cidade da Justiça, em Barcelona; o projeto da Praça das Artes, em São Paulo são exemplos da indústria do pigmento levando cor às cidades.
No Recife, há aplicações bastante expressivas: a Rosa dos Ventos, de Cícero Dias, no Marco Zero; as orlas de Boa Viagem e do Janga; e agora o Museu Cais do Sertão Luiz Gonzaga – parte do projeto de revitalização da área portuária da capital.
O Módulo 2 do museu, com entrega prevista para dezembro, terá, em cada lado do edifício, um corredor iluminado naturalmente por cobogós, formando contraste com uma estrutura de concreto colorido que deixará o projeto arquitetônico bem diferente.
O material usado pelo escritório Brasil Arquitetura, responsável pelo projeto do Cais, é da Lanxess, líder em especialidades químicas com vendas de 8,3 bilhões de euros em 2013. Sua característica principal é não apresentar um revestimento final, como reboco ou pintura.
O pigmento é adicionado ainda no caminhão betoneira, antes da aplicação do concreto. Por contar a vida e a cultura dos sertanejos e de Luiz Gonzaga, o local recebeu pigmentos em ocre, o produto é o Concreto Colorido Bayferrox, para dar semelhança ao solo e ao clima do interior.
Segundo o gerente de contrato do Consórcio Gusmão/Concrepoxi, Bruno Ventura, a técnica assegura um aspecto visual único, mantendo, ao mesmo tempo, a resistência e a durabilidade.
Na última terça, o local foi palco da 7ª edição do Fórum Colored Concrete Works da Lanxess, que reuniu especialistas dos segmentos de arquitetura e construção civil para apresentar e discutir o uso do concreto arquitetônico colorido e suas tecnologias.
Os arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci, sócios do escritório Brasil Arquitetura e que assinam a obra do Cais do Sertão, estiveram presentes. Além do espanhol Jesus Marino Pascual, decano do Colégio Oficial de Arquitetos de La Rioja e membro do Conselho Superior de Arquitetos da Espanha. Pascual é responsável pelo projeto Bodega Antión, em La Rioja: uma adega como obra de arte.
Givanildo Ferreira, gerente regional de marketing e vendas para América Latina da unidade de pigmentos inorgânicos da Lanxess, explica que, mundialmente, a tendência teve início no pós-guerra na Europa. A ideia era dar cor aos locais atingidos. O Brasil, por sua vez, possui uma arquitetura bastante concretista – “está no DNA da arquitetura brasileira”, diz, lembrando Oscar Niemeyer.
A Lanxess começou a intensificar o uso do pigmento no País em 1996, quando adquiriu a fábrica de pigmentos inorgânicos de Porto Feliz (SP). Na época, menos de 5% das vendas eram aplicadas à construção civil. Hoje representa 40% das vendas ao mercado de construção civil, com expectativa de chegar a 60%, como acontece em alguns países da Europa. Suas principais aplicações são os artefatos de concreto (blocos e telhas), ready mix (concreto usinado), paredes e fachadas de concreto e elementos pré-fabricados. Mas não existe limitação no uso do pigmento para o concreto ou cimento.
A empresa utiliza material reciclado. O pigmento é produzido a partir de refilos metálicos selecionados. “Retiramos dejetos da indústria automotiva e de aço, e os transformamos em pigmentos. O pigmento é um aditivo e, portanto, adiciona custo ao concreto.