Em tempos de economia difícil, crescem os receios na hora investir. Ainda mais se esse investimento for a compra da casa própria através de financiamento bancário. Mesmo não sendo o momento ideal para optar por essa forma de custeio de um imóvel, os especialistas garantem que quem não tem outra opção não precisa se desesperar. Informação e pesquisa são aliados que podem ajudar os compradores a encontrar as melhores alternativas e minimizar os riscos.
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A primeira dica para quem pretende financiar a casa própria permanece a mesma: oferecer o maior valor possível como entrada. O dinheiro pode vir da venda de outro imóvel, poupança, fundo de renda fixa ou FGTS. “Nesse momento está valendo mais limpar o FGTS, que só está rendendo 3% ao ano, enquanto a inflação passa dos 8%. Em outras situações poderia se recomendar deixar um pouco para o período de aposentadoria, mas nesse momento o ideal é tirar tudo”, aconselha o analista financeiro e professor da Faculdade dos Guararapes Roberto Ferreira.
Quanto maior o valor da entrada, menor o financiamento. Na hora de escolher o banco que irá custear o investimento, é preciso pesquisar bastante, já que as taxas e facilidades variam muito, segundo o analista financeiro. “Quando a pessoa vai comprar um apartamento na planta muitas vezes já há a indicação para financiar um determinado banco. Mas nada impede o comprador de pesquisar o que outros bancos, privados ou públicos, podem oferecer”, ressalta Roberto.
Segundo o levantamento feito pela Ademi-PE durante a realização do 8º Salão Imobiliário de Pernambuco, 53,4% dos visitantes entrevistados pretendiam realizar um financiamento entre R$ 100 mil e R$ 200 mil. Desses, 52,4% pretendiam usar todo o FGTS para efetuar o negócio.
Independente dos bancos, também é preciso ter atenção à escolha do sistema de amortização (que é a forma como o valor do empréstimo e as taxas cobradas vão ser pagas). Os mais comuns são a tabela price, que estabelece parcelas de valores iguais, e o SAC (Sistema de Amortização Constante), que estabelece valores decrescentes para as parcelas.
“Na situação atual, o sistema SAC é o mais indicado, porque, mesmo que as prestações iniciais sejam mais altas, a pessoa vai pagar menos juros, o que pode fazer diferença”, explica o analista. Ele ressalta que nem sempre prestações mais baixas representam maior economia.
Além das parcelas em si, o analista financeiro recomenda que as pessoas que desejam comprar um imóvel por esse meio avaliem a própria situação econômica. “Funcionários públicos têm estabilidade, mas se o interessado for funcionário do setor privado deve sempre ver com cuidado qual a situação da empresa em que trabalha, já que se trata de um investimento de longo prazo”, recomenda.
Com tantas variáveis, o assunto sempre gera dúvidas entre os compradores. É preciso entender bem todos os detalhes que envolvem o financiamento, o que não é difícil, mas exige paciência e pesquisa.
Para facilitar o acesso a essas informações, a Associação dos Mutuários de São Paulo e Adjacências (AMSPA) criou um manual com dicas sobre o assunto. Uma delas alerta para que famílias que ganham até R$ 5 mil não devem comprometer mais de 5% do orçamento familiar com as parcelas do financiamento. Para as que têm rendimento entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, o percentual máximo passa para 15%.