Quem disse que a semana pré-carnavalesca tem apenas Virgens do Bairro Novo, em Olinda? Você já viu o Bloco da Saudade tomando a bênção no Mosteiro de São Bento, em Olinda? Já assistiu à beleza da Noite dos Tambores Silenciosos, também na Cidade Patrimônio da Humanidade, na porta da Igreja do Rosário dos Homens Pretos, no Bonsucesso? Por acaso gostaria de conhecer o batuque e o bailado dos caboclinhos sem a concorrência dos trombones do frevo no Recife Antigo? Já ouviu falar do Grêmio Recreativo A Menina da Bolsinha de Ouro, que toma a Rua da Guia, no bairro portuário, com a afinada orquestra do Maestro Lessa, ou gostaria de reviver antigos carnavais no Pátio da Santa Cruz, na Boa Vista?
Em terra com fama de fazer o maior Carnaval do mundo, opção é que não falta nesses quatro ou cinco dias que antecedem a abertura oficial. O melhor é que muitas delas só acontecem mesmo nessa época, não há repetição depois do Zé Pereira. E mesmo quando tratam-se apenas de ensaios, a chance tem sua vantagem, pode ser compartilhada sem os apertos da grande multidão que se forma no quentes dias de folia.
Quem deixou para experimentar só agora ou não terá condições de ir às ruas a partir de sábado, pode preencher a agenda de amanhã até sexta-feira. Este ano coincidentemente o Dia do Frevo caiu na semana pré. Será comemorado nesta segunda (9/2), com clarinadas, passistas, orquestras e clubes de frevo, no Bairro do Recife, a partir das 6h, e em Olinda, à tarde.
A segunda-feira também reserva cerimônias. Em frente à Igreja do Rosário dos Homens Pretos, em Olinda, dez grupos de maracatus de baque solto farão a Noite dos Tambores Silenciosos. Já no Pina, na Zona Sul do Recife, a sede do Maracatu Nação Porto Rico, que chega ao centenário em 2016 e tem a última rainha coroada em igreja católica, Elda Viana, 74, faz a sua “obrigação de Carnaval”. A tarde será de muito axé e clamores a Oxalá, o orixá do ano.
Outra manifestação popular do Carnaval pernambucano, os grupos de caboclinhos também guardam relação religiosa. O culto à Jurema, da umbanda, e uma tentativa de reproduzir elementos da cultura indígena estarão à mostra na quinta-feira, no Encontro de Caboclinhos realizado na Praça do Arsenal, à noite.
O período também é cercado de lirismo. O Bloco da Saudade, que ajudou, a partir de 1973, a resgatar agremiações do passado, faz duas apresentações de rua. Uma delas é a inusitada visita ao Mosteiro de São Bento. Este ano, o bloco presta homenagem ao Pastoril dos Valença, moradores da Madalena, Zona Oeste do Recife. Tem ainda o Nem Sempre Lili Toca Flauta, na quinta-feira, no Pátio de Santa Cruz, na Boa Vista.
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