Chuva

Falha de sirene expõe fragilidade de sistema no Rio de Janeiro

O problema foi atribuído a uma falha de conexão do sistema 3G, o que impossibilitou o monitoramento remoto do índice pluviométrico nas regiões afetadas da cidade, na Região Serrana fluminense, e o consequente acionamento dos alarmes

Da AE
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Publicado em 09/04/2012 às 19:04
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A chuva que matou cinco pessoas e deixou quase 1 mil desalojados em Teresópolis (RJ) colocou em teste o sistema de sirenes montado desde a tragédia de 2011 - e expôs suas falhas. Das 20 sirenes espalhadas nas 12 comunidades em áreas de risco, seis não precisaram ser acionadas, mas quatro falharam: mesmo depois de ligadas, não tocaram, o que dificultou a retirada de moradores de áreas de risco. O prefeito de Teresópolis, Arlei Rosa, reconheceu que houve dificuldade no acionamento de parte do sistema sonoro instalado no município.

"O coronel Roberto Silva (secretário de Defesa Civil e Meio Ambiente da cidade) está preparando um relatório para me passar, e a minha cobrança com ele é essa, o porquê que elas não foram acionadas", disse Rosa.

Silva atribuiu o problema a uma falha de conexão do sistema 3G, o que impossibilitou o monitoramento remoto do índice pluviométrico nas regiões afetadas da cidade, na Região Serrana fluminense, e o consequente acionamento dos alarmes. "Nenhum de nós quer que isso ocorra, mas a gente sabe que qualquer equipamento eletrônico pode falhar", justificou. Silva informou ainda que o sistema será substituído por fibra ótica.

A força da chuva também impediu que o acionamento manual dos alarmes fosse realizado por moradores das próprias áreas afetadas, que são voluntários dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (Nudocs) com capacitação para atuar em situações de emergência. Em outras regiões, mesmo todo o esforço dos moradores não foi suficiente para ativar o sistema. "Meu filho estava com um colega e andou pelas ruas com água no peito para conseguir abrir a caixa e soar o alarme, mas a chave que a Guarda Civil tinha dado pra ele não funcionou", disse a funcionária pública Mônica Rocha, moradora do bairro Quinta Lebrão.

Das 20 sirenes instaladas em 12 comunidades, a Defesa Civil do município confirmou que não funcionaram aquelas localizadas nos bairros de Pimentel, Perpétuo e Fonte Santa. Essa comunidade foi cenário de um protesto feito por moradores na tarde de domingo. Revoltados com o não acionamento dos alarmes, eles chegaram a fechar a Rio-Bahia por alguns minutos.

Moradora do Fonte Santa há mais de 30 anos, Yolanda Rodrigues disse que o alarme soou somente durante o protesto de domingo, após um homem não identificado instalar uma peça em uma das sirenes ali localizadas. "Minha família mora no Rosário, lá tocou a sirene e todo mundo saiu das casas correndo. Se essa sirene tocasse, claro que eu não ia ficar aqui", afirmou. A família da dona de casa Márcia Florêncio dos Santos teve que sair de casa pelo telhado para se salvar da enchente. A água avançou quase dois metros de altura. "Meu marido teve que mergulhar no lamaçal para pegar a escada que tinha caído e subir com meus dois filhos pequenos, de oito e de um ano".

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