BRASÍLIA – O cuidado em relação à primeira infância ganhará reforço em 20 municípios carentes do Agreste e Sertão de Pernambuco. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Grupo Sanofi assinaram, na última terça-feira (3), na embaixada da França, em Brasília, acordo para a realização da Semana do Bebê nas cidades, inscritas no Selo Município Aprovado do Unicef e participantes do Programa Mãe Coruja, do governo estadual. O desafio é fundar uma cultura de proteção à primeira infância em rincões que ostentam indicadores sociais precários.
A Semana do Bebê consiste em mobilizar poder público e sociedade civil com ações nas áreas de saúde, educação e assistência social. Durante uma semana, ciência se mistura com arte, visando promover mudanças de comportamento para a primeira infância e criar políticas públicas voltadas para esta faixa etária, que vai de zero a 6 anos de idade. O programa conta com atividades lúdicas, apresentações teatrais e musicais, capacitações e seminários envolvendo médicos, educadores, atores políticos e a comunidade em geral.
“Sabemos que a primeira infância e sobretudo os primeiros mil dias de vida do bebê são fundamentais para que a criança possa cumprir com todo o seu potencial genético. O acordo permitirá garantir os direitos das crianças nesses locais”, afirmou o representante do Unicef no Brasil, o americano Gary Stahl, ex-chefe de Operações de Campo do Unicef em Ruanda.
Segundo ele, além dos 20 municípios que receberão o investimento direto de R$ 1 milhão doados pelo grupo farmacêutico francês Sanofi, o Unicef fará o monitoramento dos trabalhos direcionados à primeira infância em outras 83 cidades pernambucanas integrantes do Mãe Coruja. Serão beneficiadas, ao todo, 68 mil mulheres, entre mães e gestantes, e 30 mil crianças. “Existe uma similaridade entre o Programa Criança Saudável, Criança Feliz, da Sanofi, e a Semana do Bebê promovida pelo Unicef. Juntamos nossos interesses pela primeira vez com este projeto em Pernambuco e, como nosso engajamento é de longa duração, esperamos expandir isso”, explicou o diretor-geral da Sanofi Farma, Fernando Sampaio.
O projeto será implementado no Estado a partir de outubro. Cada município poderá escolher quando e como promoverá a Semana do Bebê, que será realizada por três anos com o apoio do Unicef. O objetivo é que, depois disso, as cidades estejam prontas para fazer a autogestão das ações de primeira infância.
Em vista, resultados como diminuição da mortalidade infantil, queda do número de mulheres grávidas e aumento do aleitamento materno, que deve ser a fonte exclusiva de alimentação do recém-nascido nos seis primeiros meses de vida e precisa ser incentivado até os 2 anos de idade do bebê. “Nem todos os municípios enxergam a primeira infância como prioridade. Queremos mudar esta mentalidade. A Semana do Bebê gera uma mobilização de todos e deixa um legado. Começa a haver uma rede de proteção naquele município”, aponta a coordenadora do Programa de Desenvolvimento Infantil do Unicef, Cristina Albuquerque, citando, além da reabilitação dos indicadores sociais, melhorias nas creches e aumento na oferta de vagas.
Em Pernambuco, a mortalidade infantil já está em queda nos últimos cinco anos, tendo passado de 40 mortes por mil crianças nascidas para 15,7. Nas cidades contempladas pelo Unicef, porém, a taxa é superior a 25 óbitos. De acordo com o Unicef, 21% das mortes poderiam ser evitadas com um pré-natal correto.
O coordenador de Saúde da Criança do Ministério da Saúde (MS), Paulo Bonilha, festejou a iniciativa. “Poucas políticas têm tanto impacto no futuro quanto o investimento em primeira infância. Possibilita a formação de uma nova geração livre de fatores de risco, um geração saudável para construir um país diferente”, declarou. “Este projeto demonstra o tipo de cooperação que queremos fazer entre Brasil e França”, assinalou o embaixador francês em Brasília, Yves Saint-Geours.
A expectativa do Unicef é que, ratificando a experiência inicial, Pernambuco promova uma Semana Estadual do Bebê, a exemplo de Rio Grande do Sul e Ceará. Alagoas anunciou que fará a sua em breve. Outra esperança é que as prefeituras discutam a criação de um Plano Municipal de Primeira Infância que torne permanente o cuidado com as crianças.
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