Manifestação

Em protesto, índios cobrem gramado da Esplanada dos Ministérios com cruzes

Ato simboliza índios mortos e ameaçados, especialmente os guaranis kaiowás, de Mato Grosso do Sul

Da Agência Brasil
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Da Agência Brasil
Publicado em 19/10/2012 às 16:22
Foto: Wilson Dias/ABr
Ato simboliza índios mortos e ameaçados, especialmente os guaranis kaiowás, de Mato Grosso do Sul - FOTO: Foto: Wilson Dias/ABr
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Cinco mil cruzes foram colocadas nesta sexta-feira (19) no gramado da Esplanada dos Ministérios, próximo ao Congresso Nacional. O protesto, organizado por comunidades indígenas e entidades de defesa desses povos, simboliza índios mortos e ameaçados, especialmente os guaranis kaiowás, de Mato Grosso do Sul, que hoje é a etnia que mais sofre com a violência fundiária, segundo os organizadores. Os indígenas também reivindicam a homologação e demarcação das terras.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foram assassinados no país 503 índios entre 2003 e 2011. Do total, mais da metade, 279 são do povo Guarani Kaiowá.

“Precisamos que o Estado tome as iniciativas adequadas que são de direito e dever do Estado brasileiro para a proteção física das pessoas, dos indivíduos guaranis kaiowás e, especialmente, tome as iniciativas estruturantes no sentido de implementar suas terras tradicionais e assim, superar os conflitos naquela região”, explicou o secretário do Cimi, Cleber Buzatto.

Na semana passada, depois de serem ameaçados de expulsão por uma decisão da Justiça Federal de Naviraí, em Mato Grosso do Sul, os 170 índios - que há um ano estão acampados na Fazenda Cambará, às margens do Rio Hovy, no município de Naviraí - divulgaram uma carta, na qual pedem que o governo e Justiça Federal não decretem a ordem de despejo.

“Estamos fazendo esse ato para dizer que muitas lideranças já foram mortas, derramaram sangue pelas suas terras, mas não queremos mais isso. Já decidimos coletivamente, não vamos sair das terras porque nós não temos para onde ir”, disse o líder indígena, Eliseu Lopes.

Procurada pela Agência Brasil, a Fundação Nacional do Índio (Funai) não se manifestou até a publicação.

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