Mais de 300 lideranças indígenas yanomamis estão reunidas até domingo (21) para debater os problemas vividos pela etnia em Roraima. O encontro que começou nesta sexta-feira (19) ocorre na Aldeia Maharau e é organizado pela Hutukara Associação Yanomami (HAY). A invasão de garimpeiros em suas terras é o principal tema em discussão.
Segundo os índios, o garimpo avança cada vez mais rumo às aldeias, o que tem causado preocupação entre eles, principalmente nas proximidades dos rios Mucajaí e Apiaú, entre as comunidades do Hakoma e do Haxiu, no município de Alto Alegre, onde existem pelo menos quatro garimpos ativos.
De acordo com o coordenador de Proteção Territorial da Hutukara, Dário Vitório Kopenawa, os garimpeiros estão aliciando os índios com bebidas, ferramentas, comida para que não denunciem o garimpo ilegal. “A situação está feia. Quando resolvem denunciar, os tuxauas [caciques] das comunidades são ameaçados de morte. Temos que encontrar uma solução para este problema e fazer com que as comunidades trabalhem com a Funai [Fundação Nacional do Índio] e a Polícia Federal (PF) no combate aos garimpos”, disse.
Além do garimpo, a questão da saúde indígena também preocupa os yanomamis. "A falta de medicamentos e de estrutura dos postos de saúde, problemas antigos que assolam as comunidades", declarou Kopenawa.
Os yanomamis habitam no Brasil e na Venezuela. No Brasil somam uma população de 15 mil índios distribuída em 255 aldeias. Destas, 197 estão em Roraima, o restante no estado do Amazonas. Desde 1987, os yanomamis convivem com garimpeiros em sua região. Várias operações envolvendo a Funai e a PF foram feitas para remover os invasores. A última delas, a Operação Curaretinga, em março deste ano, prendeu mais de 30 garimpeiros.