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Planilha aponta propina da Siemens a grupo de Jefferson

Jefferson cumpre pena de 7 anos e 14 dias no Rio de Janeiro por receber dinheiro do mesmo mensalão que delatou

Da AE
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Publicado em 01/03/2014 às 9:10
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Planilhas apreendidas em computadores de ex-diretores dos Correios indicam que a multinacional alemã Siemens acertou o pagamento de pelo menos R$ 150 mil em propina ao grupo do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) para obter um contrato com a empresa pública em 2005. Naquela época, Jefferson controlava politicamente os Correios. Foi em meio a suspeitas de que estaria envolvido com desvios na estatal que o então deputado e também presidente do PTB decidiu denunciar o mensalão, esquema de pagamento de parlamentares durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, Jefferson cumpre pena de 7 anos e 14 dias no Rio de Janeiro por receber dinheiro do mesmo mensalão que delatou. 

O contrato dos Correios que envolve a Siemens - que hoje também é alvo de investigações por causa do cartel dos trens que funcionou nos governos tucanos em São Paulo - tinha o valor de R$ 5,3 milhões. Ele foi firmado no governo Lula para fornecimento de sistemas eletrônicos de movimentação e triagem de carga. 

As planilhas que indicam o pagamento de propina foram encontradas pela Polícia Federal após apreensão dos computadores do ex-diretor dos Correios Maurício Marinho e de outro assessor da diretoria. Além disso, e-mails apreendidos com lobistas que atuavam na estatal mostraram que o diretor da Siemens Luiz Cox negociou pagamento de "comissão" para obter contrato com os Correios. 

Os documentos integram ação penal em que Marinho e Jefferson são réus na Justiça Federal do Distrito Federal. O ex-deputado responde por formação de quadrilha e é acusado de ser "o chefe da estrutura criminosa" que atuava nos Correios e desviava dinheiro para o PTB. Marinho é acusado dos crimes de quadrilha e corrupção. 

Procurada nesta sexta-feira (26), a Siemens informou que não comentaria as informações constantes da planilha encontrada no computador de Maurício Marinho. Os Correios afirmaram, em nota, que "as irregularidades em relação à Siemens foram detectadas pelos próprios Correios, por meio de seus mecanismos de fiscalização e controle interno". "Os fatos foram apurados e os responsáveis, punidos", disse a empresa estatal. 

O advogado Pinheiro Lemos, defensor do ex-deputado Roberto Jefferson, observou que os autos da ação penal em que o ex-deputado e Maurício Marinho são réus ainda estão "em fase de inquirição de testemunhas, fase de instrução processual". Ele anotou que não tem conhecimento da planilha relativa ao contrato da Siemens.

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