Começou na Avenida Paulista, região central da capital, a 12ª Caminhada Lésbica e Bissexual. Com carro de som, tambores e faixas, a passeata interdita um dos sentidos da Rua Augusta em direção ao Largo do Arouche. O ponto, que fica no centro da cidade, foi escolhido como parada final para o ato por ser um conhecido espaço de encontro do público LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais).
A caminhada sempre ocorre um dia antes da Parada do Orgulho LGBT, que chegará amanhã (4) à 18ª edição. Segundo uma das organizadoras da manifestação, Rute Alonso, as lésbicas e bissexuais têm “algumas pautas específicas das mulheres, que acabam não sendo comuns a toda a população LGBT”. Entre esses pontos, ela destacou o atendimento nos serviços de saúde.
“Quando você vai ao ginecologista, ele já pressupõe que você é heterossexual. E a gente gostaria que fosse um tratamento inclusivo. Deixar as lésbicas e bissexuais mais tranquilas para usar os serviços de saúde”, ressaltou Rute. De acordo com ela, o desconforto com o atendimento faz com que muitas mulheres deixem de procurar o auxílio profissional.
Para Rute, a violência é outro ponto que preocupa essas mulheres. Ela reclama que não existem estatísticas sobre os casos de estupro corretivo - quando a mulher é violentada como ataque à sua identidade sexual. “Já existe uma subnotificação de estupros em geral, por toda a vergonha da mulher que é vítima de estupro. Por outro lado, esses profissionais que acolhem não têm necessariamente indicadores para registrar que aquilo foi um estupro corretivo”, reclamou. “ O que a gente precisa é que o governo se sensibilize e comece a levantar números”.
Existem ainda reivindicações específicas das bissexuais. A funcionária pública Natasha Avital reclama da discriminação não só dos heterossexuais, mas também de homossexuais. Segundo ela, existe uma incompreensão sobre as pessoas que transitam pelas duas opções. “Muitos acham que somos héteros e só queremos experimentar, nunca teremos uma relação séria com uma mulher”, disse sobre as opiniões que escuta. “Alguns gays e lésbicas têm medo que usem a gente como exemplo de que as pessoas podem mudar [deixar de ser homossexuais]”, acrescenta.
Para combater essa visão, Natasha estava com um grupo distribuindo panfletos e esclarecendo sobre a condição de bissexual. “A gente veio aqui falar com todas as mulheres”.