O último réu acusado de participar do massacre do Carandiru, o ex-policial militar Cirineu Carlos Letang Silva, foi condenado a 624 anos de prisão, no final da noite de terça-feira (9), no Fórum de Santana, zona norte de São Paulo. A decisão cabe recurso.
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Segundo o Ministério Público, o ex-policial foi condenado em regime fechado pela participação na morte de 52 dos 111 presos no pavilhão 9 da Casa de Detenção, em 1992. Silva era da equipe da PM que invadiu o terceiro pavimento do pavilhão 9, onde foram mortos 73 dos 111 presos.
O último julgamento dos policiais envolvidos no massacre ocorreu em abril deste ano, com 15 PMs condenados a 48 anos de prisão. Ao todo, foram cinco julgamentos, totalizando 74 policiais condenados.
O ex-policial também foi condenado em 2002 a 40 anos de prisão pelas mortes de três travestis na cidade de São Paulo, todas ocorridas cinco meses após o massacre do Carandiru.
Em janeiro de 2003, quando Silva recorreu das condenações, o desembargador Luiz Pantaleão escreveu em sua decisão que o réu "elegia pessoas para morrer tão somente porque não agradavam o acusado por serem travestis e que isso demonstrava total descaso com a vida humana; intolerância com o próximo".
Libertado em março de 2011, Silva foi indiciado pelo DHPP sob suspeita de ter assassinado a tiros um travesti. Duas testemunhas reconheceram Silva como responsável pela morte de Alisson Pereira Cabral dos Anjos.
O crime ocorreu num ponto de travestis na rua Doutor Edgar Teotônio Santana, na Barra Funda (zona oeste de São Paulo), dez dias após o ex-policial ter sido solto. A vítima foi morta com um tiro de revólver calibre 38. Em depoimento à Polícia Civil, Silva negou ter matado Alisson dos Anjos.