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Familiares continuam em busca de velejadores desaparecidos na costa brasileira

O veleiro deixou Buenos Aires no dia 26 de agosto, mas após uma escala em La Paloma, no Uruguai, uma tempestade com ondas de mais de oito metros atingiu a embarcação na costa brasileira

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Publicado em 17/01/2015 às 12:20
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"É possível sobreviver à deriva um ano ou mais", garante Giovanna Benozzi, filha de um dos quatro argentinos cujo veleiro desapareceu em agosto do ano passado na costa do sul do Brasil após uma tempestade. O Tunante II, um veleiro de luxo de 12,5 metros de comprimento, "foi feito para flutuar e permanece à deriva em algum ponto do Atlântico Sul", disse Benozzi à AFP.

"Pedimos a navios mercantes, pesqueiros e navegantes do mundo que se juntem à procura", pediu, certa de que a história terá um final feliz. Seu otimismo se baseia na última comunicação, na qual seu pai disse que apesar de ter perdido o mastro e algumas velas, o casco estava intacto e a tripulação estava bem. 

"Não foi encontrado nenhum indício que indique o contrário. Quando um veleiro afunda, flutuam garrafas, salva-vidas. É impossível que algo não tenha sido encontrado", explicou.

Mas avistar um veleiro sem mastro é como encontrar uma agulha no palheiro. A falta de elementos de comunicação contribui para que a embarcação seja confundida com lixo no mar. Enquanto isso, o tempo passa. 

"Passaram mais de quatro meses, mas há testemunhos de gente que sobreviveu por mais tempo. A comida e a água não são problema, temos grandes esperanças", afirma Giovanna que espera se reencontrar com o pai Jorge, um oftalmologista de 62 anos, e com o namorado Mauro Capuccio, de 35.

Os dois são navegadores experientes, assim como Alejandro Vernero (62, cardiologista) e Horacio Morales (62), e se prepararam durante um ano para a travessia Buenos Aires-Rio de Janeiro.

DE AVENTURA A PESADELO

O veleiro deixou Buenos Aires no dia 26 de agosto, mas após uma escala em La Paloma, no Uruguai, uma tempestade com ondas de mais de oito metros atingiu a embarcação na costa brasileira. Um mercante norueguês avistou o veleiro às 23H50 desse dia (02H30 GMT de 27 de agosto), mas não pôde resgatá-los.

"Nos transmitiram durante dez horas sua posição. Depois, o telefone por satélite ficou sem bateria, e eles estão incomunicáveis desde então", explicou Giovanna Benozzi. A Marinha do Brasil suspendeu as buscas em outubro, depois que um navio pesqueiro encontrou um bote salva-vidas submerso e vazio no litoral do Rio Grande do Sul.

Giovanna suspeita que eles tenham aberto o bote para usá-lo como piso refratário -que não existia na embarcação- "para fazer sinais para aviões e melhorar a chances de serem captados por um radar por conta do material metalizado".

"Imagens de satélite provam que o veleiro está flutuando e se move com gente a bordo", afirmou Benozzi. Segundo ela, cerca de 95.000 pessoas se juntaram voluntariamente às buscas, recorrendo a imagens de satélite fornecidas gratuitamente durante meses por uma empresa internacional.

"Graças a eles em outubro vimos uma imagem que, de acordo com especialistas, tinha 90% de chances de ser do Tunante, mas a burocracia e os protocolos da Marinha brasileira fizeram com que as buscas só fossem realizadas 15 dias depois, quando o vento e a maré já os haviam movido para outro local", lamentou.

A Comissão Nacional de Atividades Espaciais (Conae) colocou suas imagens de satélite a disposição e o serviço de inteligência do Exército argentino sua capacidade para analisá-las. Familiares acabam de oferecer o próprio veleiro como recompensa a quem encontrar a embarcação e criaram uma página no Facebook e um site (www.buscandoaltunante.com.ar) para relatar imediatamente qualquer novidade.


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