Revolta

Protesto de caminhoneiros deixa 'ilhado' polo do agronegócio baiano

Os motoristas reivindicam queda nos preços do diesel e pedágios e aumento do valor pago no frete

Da Folhapress
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Publicado em 25/02/2015 às 14:39
Foto: Ed Santos / Acorda Cidade (24/02/2015)
Os motoristas reivindicam queda nos preços do diesel e pedágios e aumento do valor pago no frete - FOTO: Foto: Ed Santos / Acorda Cidade (24/02/2015)
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Um dos polos do agronegócio baiano, a cidade de Luís Eduardo Magalhães, no oeste do Estado, teve as suas três saídas parcialmente fechadas na manhã desta quarta-feira (25) durante protesto dos caminhoneiros, que atinge ao menos 12 estados no país.

O fechamento, que ocorreu pelo segundo dia seguido, tem o apoio dos empresários do agronegócio e do comércio local.

As paralisações de caminhoneiros começaram na última quarta (18) e já afetaram a produção na indústria e na agricultura do país. Os motoristas reivindicam queda nos preços do diesel e pedágios e aumento do valor pago no frete.

Desde a manhã de terça-feira, os manifestantes impediram a passagem de caminhões nas três saídas da cidade: na BR-242 (com saídas para Barreiras e para o Estado do Tocantins), e na BR-020 (para Brasília). Segundo a Polícia Rodoviária Federal, veículos com cargas perecíveis, ônibus e carros de passeio foram liberados.

Na cidade, que se denomina como "capital do agronegócio", o transporte da produção agrícola e de mercadorias é exclusivamente rodoviário. "Há um descaso com os caminhoneiros, que são um galho da árvore muito importante do setor produtivo", disse Vanir Kohl, presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães.

Sobre o preço do frete, Kohl defende que o agronegócio não tem condições de pagar mais. "Nos dois últimos anos caiu o preço de todas as commodities, não temos como aumentar o valor pago ao caminhoneiro", disse.

Presidente do sindicato rural do município vizinho de Barreiras, Moisés Schimdt, salienta que começa nesta semana a colheita da safra de soja, de 1,46 milhões de hectares -a expectativa é de colher 4,8 milhões de toneladas do grão. "Não temos como armazenar essa quantidade. Se a greve não acabar teremos problemas seríssimos, com perdas muito significativas, porque é perecível, estraga", afirmou.

A Associação Comercial e Empresarial de Luís Eduardo Magalhães e a Câmara de Dirigentes Lojistas também publicaram notas defendendo as manifestações. A prefeitura do município afirma que, com apenas dois dias de paralisação nas rodovias, supermercados e postos de combustível ainda não sofrem com desabastecimento e a rotina dos serviços públicos segue normal.

RIQUEZA DO CAMPO

Com PIB de R$ 3,6 bilhões, oitavo maior do Estado, Luís Eduardo Magalhães experimentou um crescimento econômico em dez anos de 462%, impulsionado pelo cultivo de grãos e pela agroindústria instalada num parque que reúne cerca de 50 empresas.

A cidade é a sede administrativa do agronegócio da região oeste baiana, que tem área plantada de 2,2 milhões de hectares -é o quinto maior produtor de soja do Brasil e o segundo maior produtor de algodão.

No Centro Industrial do Cerrado, onde a principal atividade é o beneficiamento da produção agrícola, está a maior esmagadora de soja da América Latina, da Bunge, e grandes exportadoras, como a Louis Dreyfus.

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