Crise hídrica

Agência federal cobra maior transparência na divulgação da capacidade do Cantareira

Segundo ele, se o volume de chuvas for baixo, a capacidade de enfrentamento da crise no futuro ficará "tremendamente reduzida" com a opção do governo estadual de se avançar sobre as cotas restantes do volume morto

Da Folhapress
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Publicado em 06/03/2015 às 16:45
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Segundo ele, se o volume de chuvas for baixo, a capacidade de enfrentamento da crise no futuro ficará "tremendamente reduzida" com a opção do governo estadual de se avançar sobre as cotas restantes do volume morto - FOTO: Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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O presidente da ANA (Agência Nacional de Águas), Vicente Andreu, cobrou nesta sexta-feira (6) maior transparência do governo de São Paulo na divulgação da atual capacidade do sistema Cantareira, que abastece 6,2 milhões de pessoas na Grande São Paulo.

Segundo ele, ao não levar em conta o volume útil para o cálculo da capacidade atual, é divulgada uma sensação "diferente da real" sobre a crise hídrica enfrentada pelo maior reservatório da região metropolitana de São Paulo.

"O reservatório não está com 11,7% de sua capacidade. Ele está com -17% em relação ao seu volume útil. Era importante que esses números fossem mais esclarecidos e mais divulgados. Ao se divulgar 11,7%, dá uma sensação diferente da real, que é a capacidade do reservatório", afirmou.

O dirigente da agência federal defendeu que, diante do quadro de incertezas sobre o volume de chuvas, é "muito prudente" que sejam adotadas medidas mais restritivas que as atuais em relação ao sistema Cantareira.

Segundo ele, se o volume de chuvas for baixo, a capacidade de enfrentamento da crise no futuro ficará "tremendamente reduzida" com a opção do governo estadual de se avançar sobre as cotas restantes do volume morto.

"O que nós temos insistido há muito tempo é que desde fevereiro de 2014 deveríamos operar aquele sistema com medidas mais restritivas do que as que foram adotadas. Como ninguém sabe o futuro –não sabíamos como estaríamos hoje e não sabemos como estaremos em 2016–, é muito prudente que se apresentem medidas mais restritivas e, se for o caso, discutir com prefeitos e usuários se eles desejam essas medidas", disse.

LIMINAR

O presidente da agência federal defendeu que seja adotado um "nível de segurança" de operação para o sistema Cantareira, o que, segundo ele, daria maior transparência para a gestão da água.

Nesta quinta-feira (5), a Justiça Federal reiterou decisão liminar que obriga a ANA e o Daee a limitar a retirada de água do reservatório para que seja preservado mínimo de 10% do volume útil até o final de abril.

Andreu sinalizou ser favorável à medida, mas disse que só se pronunciará quando for informado do conteúdo da sentença.

"Nós já apresentamos a opinião de que os reservatórios teriam de ser operados com um nível de segurança. Os 10% é uma meta que tem relação com o nível do mês de abril do ano passado e poderia ser outro. A nossa posição, independentemente do número e da sentença que não conheço, é trabalhar nessa perspectiva que foi divulgada pela imprensa e consta na liminar", disse.

O presidente da ANA reuniu-se nesta sexta-feira (6) com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, formado por prefeitos de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

No encontro, os prefeitos da região do Grande ABC manifestaram preocupação sobre a qualidade da água da represa Billings para o abastecimento humano.

A proposta do governo estadual é transferir a água da represa, atualmente poluída, para o sistema Rio Grande, hoje a maior reserva potável na Grande São Paulo.

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