Comprada depois de um processo que apresentou irregularidades semelhantes à aquisição da unidade de Pasadena, a refinaria de Nansei, em Okinawa, no Japão, será desativada, informou a Petrobras.
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A estatal não informou até quando pretende interromper as atividades.
Reportagem da Folha de S.Paulo publicada em maio de 2014 revelou que os relatórios que defendiam a compra da unidade, enviados ao conselho de administração da empresa para aprovar o negócio, em 2008, omitiam riscos do negócio, identificados por áreas técnicas da estatal.
Situação semelhante havia ocorrido com a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, em 2006, cuja aquisição resultou em perdas de US$ 792 milhões, segundo o TCU. A presidente Dilma Rousseff presidia o conselho de administração da Petrobras na época. No ano passado, ela justificou o aval para o negócio afirmando ter recebido relatório "falho" e "omisso".
Nestor Cerveró, então diretor internacional da Petrobras, assinou os relatórios referentes aos dois negócios. Ele está preso no Paraná desde novembro, e é réu em processo criminal decorrente da Operação Lava Jato por acusação de corrupção e lavagem de dinheiro.
Na avaliação dos técnicos, Nansei, que dava prejuízo aos japoneses, só seria rentável para a Petrobras se a unidade fosse adaptada para refinar petróleo brasileiro e se fosse dobrada sua capacidade de produção para 100 mil barris.
Tais informações não foram repassadas aos conselheiros, na época da aprovação do negócio. O relatório feito pela área internacional dizia, em vez disso, que Okinawa não dependia de ampliação para ser rentável.
A reforma exigiria investimento bilionário. E o aumento da capacidade não foi possível porque a legislação ambiental local não permitiria a ampliação. A refinaria continua processando apenas 45 mil barris por dia.
Além disso, para a área de estratégia empresarial, seria difícil integrar a refinaria às demais operações da Petrobras. Técnicos alertaram, em relatório, também omitido dos conselheiros, para o risco de "ter que carregar por algum tempo um ativo com baixa rentabilidade".
A aquisição de 87,5% de Nansei foi fechada por US$ 331 milhões, incluindo estoques, pagos à antiga dona da participação, a Tonen General, subsidiária da Exxon. A japonesa Sumitomo detinha outros 12,5%, mas depois saiu do negócio.
A Petrobras investiu na unidade US$ 111 milhões, e tentou vendê-la no início de 2013, mas não conseguiu.
Em 2014, a Petrobras afirmara, em relação à reportagem, que a aquisição da refinaria "estava alinhada ao planejamento estratégico da época". A empresa não comentou as omissões no resumo enviado ao conselho.