Policiais federais de Roraima, Rondônia, São Paulo, do Amazonas e Pará estão nas ruas desde as primeiras horas da manhã de hoje (7), cumprindo 313 mandados judiciais expedidos contra suspeitos de integrar um esquema de extração ilegal de ouro e pedras preciosas em terras indígenas. O principal alvo dos investigados é a reserva indígena Yanomami, de Roraima.
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De acordo com a Polícia Federal (PF), o esquema contava com a participação de empresários, funcionários públicos, donos de garimpos, joalheiros e pilotos de aviões. Juntos, eles abriam locais de extração de ouro, pedras preciosas e outros minerais usados na indústria, no interior de reservas indígenas, sobretudo no norte de Roraima.
As terras indígenas, demarcadas em locais tradicionalmente ocupados pelos índios, pertencem à União. Em seu interior, a exploração e o aproveitamento dos recursos hídricos e a pesquisa e a lavra de riquezas minerais só podem ser feitos com a autorização do Estado brasileiro.
Os investigadores estimam que, todos os meses, o grupo retirava em média 160 quilos de ouro das áreas de garimpo ilegal. O prejuízo ao erário pode chegar a R$ 17 milhões, além dos danos ambientais às reservas indígenas. Os policiais investigam também a suspeita de que parte do ouro era usada para lavar dinheiro ilícito proveniente de outras ações ilícitas.
A rápida destruição das áreas de extração impressionou os investigadores. "[É impressionante] a voracidade com que o ecossistema vinha sendo degradado pela atividade extrativista, que polui os rios com mercúrio e outros metais pesados, destruindo a fauna, a flora e a cultura yanomami”.
É na Terra Indígena Yanomami que, desde a manhã da última sexta-feira (1), índios impedem um grupo de servidores da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) que visitavam a área para prestar atendimento médico básico de prosseguir viagem. Ontem, ao comentar o assunto, o coordenador de Políticas Públicas da Hutukara Associação Yanomami, Dário Vitório Kopenawa, foi enfático ao associar o aumento do número de casos de malária, diarreia e até de câncer entre os índios de sua etnia à presença ilegal de garimpeiros e à consequente poluição dos rios que cortam a reserva e destruição da flora.
"Há muitos problemas em todas as áreas indígenas. Na reserva Yanomami, um problema é a presença do garimpo. Onde há porta de entrada a invasores e garimpeiros que poluem nossos rios com mercúrio há malária, diarreia e outras doenças”, observou Dário.
Cerca de 150 policiais federais participam da operação, que conta também com a participação de agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama. O nome da operação, Warari Koxi, é uma alusão a uma expressão yanomami para criticar a destruição ou intervenção prejudicial em um ambiente saudável.
Se comprovado o envolvimento com o esquema, os investigados responderão à Justiça pelos crimes de associação criminosa, extração de recursos naturais de forma ilegal, uso indiscriminado de mercúrio, usurpação de patrimônio da União, receptação de bens provenientes de crime, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, contrabando, lavagem de dinheiro e de operar instituição financeira sem a devida autorização do Banco Central.