Cerca de 2.000 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) invadiram nesta segunda-feira (3) a sede do Ministério da Fazenda, em Brasília. Eles reivindicam que o governo reveja os cortes do orçamento que afetam ações de reforma agrária.
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Eles chegaram ao edifício por volta de 5h30 da manhã e não têm previsão de abandonar o local até que algum representante do governo apresente ao grupo uma proposta de revisão nos cortes.
O movimento alega que o governo cortou quase pela metade (de R$ 3,5 bilhões para R$1,8 bilhão) o volume de recursos para ações de reforma agrária.
"A reforma está completamente parada no país. Temos famílias que estão sofrendo há dez anos em assentamentos, sem nenhuma estrutura", disse Kelli Manfort, da coordenação nacional do MST.
Além de avanços na reforma agrária, a invasão também tem funciona como uma crítica à política econômica da presidente Dilma Rousseff.
"A nosso ver, essa política econômica é equivocada. Estamos lutando contra a essência dela. A crise não deve ser paga pelos trabalhadores", afirmou Manfort.
O MST afirma que o governo erra ao priorizar grandes empresas e produtores em detrimento dos trabalhadores do setor agrícola.
Segundo representantes do movimento, enquanto são feitos cortes em áreas sociais diversas, o setor do agronegócio teve aumento de 20% nos recursos disponibilizados pelo Plano Safra.
NORDESTE
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) também ocupam as sedes regionais do Ministério da Fazenda em estados do Nordeste. Em Fortaleza, os organizadores afirmam que a ocupação reúne cerca de mil pessoas. No fim da manhã, quando a reportagem esteve no local, não havia policiais nas proximidades da entrada do prédio.
De acordo com o coordenador estadual do MST no Ceará, Gene Santos, a ocupação vai permanecer até que haja uma resposta favorável às reivindicações dos trabalhadores. “Vivemos um momento difícil de seca. Queremos que o governo federal libere recursos para implementar ações de convivência com a seca, especialmente infraestrutura hídrica. Aqui no Ceará, estamos discutindo a criação de um crédito específico para isso, mas depende da negociação em Brasília.”
Para entrar no espaço, os participantes forçaram e danificaram a porta da representação do ministério no estado, que fica no bairro Aldeota. Para mantê-la aberta, foi colocada uma escora de madeira.
No site e nas redes sociais, o MST anuncia a ocupação das sedes do Ministério da Fazenda em Salvador (BA) e em Maceió (AL). O movimento também registra ações na Paraíba, em Sergipe e em Pernambuco.