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Fechamento de escolas em São Paulo divide especialistas

A estimativa é que 311 mil alunos tenham que mudar de escola no ano que vem

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Publicado em 31/10/2015 às 17:10
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A estimativa é que 311 mil alunos tenham que mudar de escola no ano que vem - FOTO: Eduardo Saraiva / A2IMG
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Em meio a protestos e insatisfação de alunos e professores, a Secretaria de Educação de São Paulo informou nesta semana que 94 escolas serão fechadas por causa do processo de reorganização da rede estadual. A estimativa é que 311 mil alunos tenham que mudar de escola no ano que vem.

Segundo a secretaria, o objetivo é segmentar as escolas em três grupos (anos iniciais e finais dos ensinos fundamental e médio), conforme o ciclo escolar, o que poderá melhorar o rendimento dos estudantes. Além disso, o governo pretende reorganizar a rede, cujo número de alunos diminuiu. Entre 1998 e 2014, as matrículas passaram de 6 milhões para 3,8 milhões.

A Agência Brasil conversou com especialistas sobre as mudanças. A diretora executiva da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), Maria Helena Guimarães de Castro, diz que é favorável à medida, por considerá-la uma necessidade.

"Em 1995, São Paulo tinha quase 7 milhões de alunos e 5,4 mil escolas. Hoje tem menos de 4 milhões de alunos e 5,4 mil escolas", ressalta Maria Helena, que já secretária de Educação do estado de São Paulo e presidenta do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Para Maria Helena, existe desequilíbrio na distribuição dos alunos: há escolas lotadas e outras mais vazias. "É importante reequilibrar essa distribuição. E ela vem acoplada a algo muito importante, que é o projeto pedagógico específico. Nenhum país mistura crianças dos anos iniciais com as de outros níveis". Ela defende ainda a realização de reformas periódicas para adequar a oferta à população.

Deu errado no passado

Contra a medida, o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, rede que reúne mais de 200 organizações, Daniel Cara, diz que ainda há necessidade de aumentar o número de  matrículas e que as escolas poderiam ser usadas para ofertar por exemplo, um bom ensino noturno oua  Educação de Jovens e Adultos (EJA), nos períodos em que não estão sendo utilizadas, sem precisarem ser fechadas.

"Há escolas tradicionais, boa parte tem boa localização, e isso facilitaria que profissionais que não concluíram os estudos na infância ou adolescência pudessem voltar a estudar pelo EJA", afirma Daniel Cara. "O que estimulou o fechamento foi que [o governo] decidiu encontrar uma forma de economizar recursos da educação, em detrimento da educação."

Cara lembra que medida semelhante, com a separação de alunos do estado conforme a etapa de ensino, ocorreu na década de 90, com a então secretária de Educação, Rose Neubauer. "Foi traumático para os alunos. Agora que a rede estadual estava começando a se recuperar, vem essa reforma."

Sem diálogo

Na opinião do jornalista e doutor em ciência política Leonardo Sakamoto, faltou diálogo com a população. "O governo do estado deveria ter feito uma discussão mais aprofundada com a sociedade em torno de cada escola antes de proceder ao fechamento e reorganização. Ninguém, em sã consciência, é contra a reorganização, quando beneficia a educação, mas isso não pode ser feito de cima para baixo."

Sakamoto ressalta que, entre as escolas que estão sendo fechadas, há unidades com desempenho acima da média do estado. "Não só o estado, mas o Brasil todo opera com uma quantidade de alunos maior que deveria em sala de aula. Seria a oportunidade de trabalhar com menos alunos", sugere. "A secretaria não deveria fazer isso, ainda mais neste momento em que alunos e gestores estão reclamando. Deveria parar para discutir a questão."

Para Sakamoto, a população, em geral, também deveria se informar sobre a questão e se mobilizar. "Todos dizem que precisamos melhorar a educação, mas, quando é para discutir os rumos do ensino, as pessoas preferem dizer que os manifestantes estão atrapalhando o trânsito."

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