Mais da metade das espécies de árvores da Amazônia está sob ameaça em todo o planeta, de acordo com um novo estudo internacional. A pesquisa sugere, no entanto, que os parques nacionais, reservas e territórios indígenas podem proteger a maior parte das espécies ameaçadas, caso sejam gerenciados corretamente.
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A descoberta foi anunciada nesta sexta-feira (20), por uma equipe de pesquisa que envolve 158 cientistas de 21 países, sob a liderança de Hans der Steege, do Centro Naturalis de Biodiversidade, na Holanda, e por Nigel Pitman, do Museu Field, em Chicago, nos Estados Unidos.
No novo estudo, publicado na revista científica Science Advances, os pesquisadores compararam dados de inventários florestais em toda a Amazônia com mapas das estimativas de desmatamento atuais e projetadas. Com isso, eles avaliaram quantas espécies de árvores foram perdidas e qual sua localização.
Os autores concluíram que de 36% a 57% das cerca de 15 mil espécies de árvores do bioma provavelmente estão classificadas como "globalmente ameaçadas", segundo os critérios do Livro Vermelho de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
"Não estamos dizendo que a situação na Amazônia piorou subitamente para as espécies de árvores. Só estamos oferecendo uma nova estimativa de como as espécies de árvores foram afetadas pelo desmatamento histórico e como elas serão afetadas com as futuras perdas florestais", afirmou Pitman.
Como as mesmas tendências observadas na Amazônia se aplicam a toda a região dos Trópicos, os cientistas afirmam que a maior parte das mais de 40 mil espécies de árvores tropicais do mundo provavelmente seriam classificadas também como "globalmente ameaçadas".
Felizmente, segundo os autores, as áreas protegidas e os territórios indígenas cobrem atualmente mais da metade da Bacia Amazônica e possuem uma população considerável das espécies de árvores mais ameaçadas.
"Essa é uma boa notícia sobre Amazônia. Nas últimas décadas, os países amazônicos deram passos importantes para expandir os parques e fortalecer os direitos indígenas à terra. Nosso estudo mostra que isso traz grandes benefícios para a biodiversidade", declarou Steege.
Barragens e mineração
Entretanto, parques e reservas só serão capazes de impedir a extinção de espécies ameaçadas, segundo o artigo, se não sofrerem mais degradação. Os autores alertam que a floresta amazônica e as reservas ainda enfrentam ameaças graves como a construção de barragens, a mineração, as queimadas e as secas intensificadas pelo aquecimento global - além da invasão direta e criminosa das terras indígenas.
"É uma batalha que vamos ver ao longo de toda a nossa vida. Ou nós nos levantamos e protegemos esses importantes parques e reservas indígenas, ou o desmatamento vai erodi-los até que nós vejamos extinções em grande escala", disse outro dos autores do estudo, William Laurance, da Universidade James Cook, na Austrália.