Cinco dos seis principais reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo já superaram o volume de chuva esperado para todo o mês de novembro. Além disso, somente na capital paulista esse volume supera em 51% a média histórica registrada pelo CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), da prefeitura.
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Até as 7h desde segunda-feira (23), a cidade de São Paulo já acumula 195,2 mm de água para o mês (129,5 mm) -choveu em 19 dos 23 dias de novembro. Esse volume de chuva acima do esperado tem ajudado os reservatórios de São Paulo, principalmente, o de Guarapiranga, localizado na zona sul da cidade. Já na região do Cantareira, principal sistema da Grande SP, o volume de chuva está em torno de 165,4 mm.
Thomaz Garcia, meteorologista do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências de São Paulo), diz que esse intenso volume de chuva se deve ao El Niño, fenômeno climático que veio com força total neste ano, e a maior absorção de calor pelo oceano Atlântico nos últimos anos.
"Quando há o fenômeno do El Niño é normal ter chuva acima da média nos meses entre a primavera e o verão. Apesar de nem sempre ser regular e bem distribuída, a chuva observada em novembro tem sido mais frequente, principalmente, com pancadas no final da tarde e início da noite", disse.
O El Niño é caracterizado por um aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na região tropical e pode afetar o clima regional e global. Os principais efeitos são mudanças dos padrões de vento, com reflexos sobretudo sobre os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.
Devido à sua provável potência, o El Niño atual foi informalmente batizado de Bruce Lee, célebre ator de filmes de artes marciais, pelo blog da Noaa (agência de atmosférica e de oceanos do governo dos EUA).
RESERVATÓRIOS
Com as chuvas desse fim de semana, o Cantareira conseguiu superar seu volume de chuva previsto para o mês de novembro. O sistema já acumula 165,4 mm superando em 3,12% o volume esperado (160,4 mm). O sistema abastece 5,3 milhões de pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital paulista -eram cerca de 9 milhões antes da crise da água. Essa diferença passou a ser atendida por outros sistemas. Nesta segunda, o Cantareira opera com 14,3% de capacidade após avançar 0,1 ponto percentual em relação ao índice anterior.
De acordo com o meteorologista, a zona sul é a região onde mais choveu este mês: 223,9 mm de água. O volume de chuva previsto (123,8 mm) para Guarapiranga mais que dobrou (250,4 mm), de acordo com dados divulgados pela Sabesp nesta segunda. O Guarapiranga, que fornece água para 5,2 milhões de pessoas nas zonas sul e sudeste da capital paulista, opera com 88,1% de capacidade.
Com exceção de Rio Claro, os demais mananciais também já superaram o volume esperado para novembro. O Alto Tietê já acumula 150,3 mm (superando em 16,6% volume previsto de 128,9 mm), Alto de Cotia tem 203,4 mm -superando em 60,4% volume previsto de 126,7 mm-, e Rio Grande que já superou 20,26% (168 mm) do volume previsto (139,7 mm). O reservatório de Rio Claro acumula apenas 82,3% (161,2 mm) do volume esperado (195,8 mm).
PREVISÃO PARA VERÃO
"O El Niño está muito forte colaborando para as chuvas frequentes no Sul do Brasil. Esas áreas de chuvas estão avançando sobre São Paulo colaborando para volume de chuva acumulados mais expressivos. Apesar de intenso, é importante que continue chovendo nos próximos meses em virtude da crise hídrica. Tudo indica que a chuva deve continuar de forma regular nos meses de verão e que o volume de chuvas previsto deve superar as médias mensais", disse Garcia.
No dia 17 de novembro, o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), informou que El Niño será muito forte nesse verão -deve ser o terceiro mais forte desde 1950, depois de 1983 e 1998. A previsão é de um aumento na ocorrência de tempestades, em relação ao último verão, na região Sul (20%), no Sudeste (20%) e no Centro-Oeste (10%).