Peritos federais e da Polícia Científica do estado de São Paulo coletaram nesta segunda-feira (18), na empresa Localfrio, em Guarujá, na Baixada Santista, material para auxiliar na apuração do incêndio em contêineres com produtos químicos, ocorrido na última quinta-feira (14). Segundo a companhia, bombeiros continuam monitorando o espaço, e um laudo técnico da empresa deve ficar pronto em 30 dias.
No incêndio, houve vazamento de gás tóxico e pelo menos 175 pessoas precisaram ser medicadas, queixando-se de mal-estar após inalar a fumaça que se espalhou em parte de Guarujá, de São Vicente e de Santos. O fogo só foi extinto 37 horas depois, na madrugada do último sábado (16).
Nesse período, as operações de embarque e desembarque de veículos e de contêineres nos terminais da Santos Brasil, o maior da América Latina, no Porto de Santos, ficaram suspensas e só foram retomadas na noite de sábado (16). Os prejuízos dessa paralisação ainda estão sendo contabilizados.
No início da tarde desta segunda-feira, a analista ambiental do Ministério do Meio Ambiente Miriam de Oliveira reuniu-se com a prefeita de Guarujá, Maria Antonieta de Brito, e o secretário municipal Adilson Cabral, para discutir o andamento dos trabalhos de apuração do incêndio. No entanto, até o fechamento desta reportagem, ainda não tinha sido divulgado o resultado do encontro.
A Agência Brasil procurou a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), para saber se já foi totalmente descartada a possibilidade de algum dano ambiental no estuário, mas foi informada de que a área estava isolada para perícia, e que, por isso, os técnicos ambientalistas ainda não tinham sido autorizados a entrar nas instalações da empresa.
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Ibama), o monitoramento será feito apenas pela Cetesb. No último sábado, a analista ambiental do Ibama Ana Angélica Alabarce defendeu a necessidade de uma reavaliação dos procedimentos que são tomados em caso de transporte de produtos químicos. “Cada ocorrência desse tipo é preocupante e deve servir como lição. Tem de haver uma responsabilidade maior. Não houve [nesse caso] uma consequência tão grave, mas poderia ter acontecido”, afirmou Ana Angélica.
Além do inquérito na Polícia Civil, foi aberto processo de investigação pelo Mistério Público Estadual (MPE). Em nota, a Localfrio se diz “comprometida em esclarecer os motivos que levaram a esse episódio, uma vez que os processos de segurança da companhia já são minuciosamente seguidos e validados em simulados e treinamentos periódicos. A empresa está engajada, desde o primeiro momento, em apoiar as instâncias responsáveis com a averiguação em andamento, contribuindo com todas as informações e atendendo a todas as exigências para continuidade do processo”.