Um grupo de cientistas está investigando a interação entre o parasita Plasmodium vivax, causador da maior parte dos casos de malária no Brasil, e os mosquitos anofelinos, hospedeiros da doença, em busca de meios para impedir a transmissão da infecção a humanos. “Nosso objetivo é tentar entender como o parasita que causa a malária interage com o mosquito para, no futuro, criar ferramentas que possam bloquear essa transmissão”, explicou o responsável da pesquisa Henrique Silveira.
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O pesquisador disse que os mosquitos transmissores da doença, o Anopheles, têm mais sucesso em conter a infecção do que os seres humanos. Evidências experimentais demonstram que o inseto pode desenvolver mecanismos eficazes para interromper o ciclo de vida do parasita.
Os cientistas querem desvendar o transcritoma do mosquito, ou seja, descobrir quais são as proteínas produzidas pelo hospedeiro quando o parasita invade seu intestino. “Assim saberemos quais os mecanismos ativados. O conhecimento das respostas do mosquito à infecção proporcionará uma ferramenta poderosa para bloquear a transmissão da malária”, esclareceu Silveira.
Ao longo do estudo, desenvolvido com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), os mosquitos estão sendo infectados e depois dissecados, com o uso de uma lupa e agulhas de disseção para coletar o material biológico e caracterizar os genes associados à infecção. Após esta fase, os cientistas checam se há intervenção nos genes para analisar como eles agem ao longo da infecção. “Nós já temos alguns resultados preliminares e até o final do ano teremos o transcritoma e a publicação dos genes expressos e que são transcritos durante a invasão do parasita”, garante Henrique SIlveira.
O pesquisador ressaltou que a malária no Brasil está restrita quase exclusivamente à Bacia Amazônica e que a maior parte das ocorrências é devido ao Plasmodium vivax, uma das quatro espécies de protozoários da malária que contaminam o ser humano.
A DOENÇA
A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários e transmitida pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. Não existe vacina, mas a doença apresenta cura se for tratada a tempo. Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento é simples, eficaz e gratuito.
De acordo com o ministério, a área endêmica da malária no Brasil é a região amazônica, incluindo os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e Maranhão. Esta região responde por 99% dos casos no país.
Fora da região amazônica, mais de 80% dos casos registrados são importados dos estados pertencentes à área endêmica do Brasil e de outros países amazônicos, além do continente africano e do Paraguai. Segundo o ministério, desde 2000 houve uma redução de mais de 50% no número de casos de malária no país.
Em novembro de 2015, o governo lançou o Plano de Eliminação da Malária no Brasil para ajudar o país a cumprir a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, da Organização das Nações Unidas, de reduzir em 90% o número de casos da doença até 2030. Em 2014, o Brasil registrou 143.250 casos de malária, o menor número desde 1989.
A principal manifestação clínica da malária é a febre, associada ou não a calafrios, tremores, suores intensos, dor de cabeça e dores no corpo. A febre na malária corresponde ao momento em que as hemácias, células do sangue que transportam o oxigênio, estão se rompendo. A pessoa que contraiu a doença pode ter também sintomas como vômitos, diarréia, dor abdominal, falta de apetite, tontura e sensação de cansaço. Para mais informações, acesse o informativo da Fundação.