EDUCAÇÃO

Estudantes ocupam Assembleia de São Paulo e cobram CPI da Merenda

O grupo invadiu o local às 17h15 da terça-feira (3) durante uma sessão, e expulsou aos gritos os poucos deputados presentes

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Publicado em 04/05/2016 às 7:39
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O grupo invadiu o local às 17h15 da terça-feira (3) durante uma sessão, e expulsou aos gritos os poucos deputados presentes - FOTO: Foto: Reprodução/TV Globo
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O plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) foi ocupado na terça-feira (3), por cerca de 70 estudantes dos ensino médio e técnico da rede estadual em ato pela instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar denúncias de desvio de recursos da merenda. O grupo invadiu o local às 17h15, durante uma sessão, e expulsou aos gritos os poucos deputados presentes. Até as 21 horas, não havia acordo entre parlamentares e manifestantes para a desocupação do local

O tenente-coronel Reinaldo Priell Neto, chefe da Assessoria Militar do Legislativo, afirmou que deputados do PT facilitaram a entrada do grupo no plenário da Casa. Imagens de celular mostram o deputado João Paulo Rillo (PT) empurrando um PM que tentava conter a ocupação no fim da tarde. "Ainda não falei com ele para saber o que aconteceu. Mas dizer que o PT participou disso é uma calúnia e quem disse terá de provar", afirmou o líder do partido, Zico Prado.

Os estudantes estenderam faixas com os dizeres "Alesp Ocupada" e "CPI da Merenda Já", subiram em mesas e cadeiras usadas pelos deputados e montaram uma barraca na frente do espaço reservado à Mesa Diretora da Casa. "Nossa única reivindicação é que se instaure uma CPI para apurar os desvios do ladrão de merenda, que se investigue a falta de comida nas escolas estaduais e nas técnicas", disse o estudante Daniel Cruz, diretor da União dos Estudantes Estaduais (UEE).

Desde o dia 20, estudantes de escolas técnicas se mobilizam para cobrar a adoção de merenda em todas as Etecs. Já o presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB), é acusado de participar da máfia da merenda investigada pela Operação Alba Branca, comandada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público Estadual (MPE). O tucano, suspeito de receber propina de cooperativas que fornecem merenda para o Estado, não estava no plenário no momento da invasão dos estudantes. Mais tarde, ele recebeu uma comissão de estudantes e garantiu acesso ao banheiro e a água durante a ocupação.

O deputado Coronel Camilo (PSD), que se declarou contrário à abertura da CPI, disse que seriam necessárias mais sete assinaturas para a abertura da investigação. "O caso já está sendo investigado pela polícia e pelo Ministério Público", afirmou o parlamentar, ex-comandante-geral da PM. Ele declarou que os estudantes danificaram material da Casa. Funcionários relataram que mesas e computadores foram quebrados. Os estudantes negaram.

Até as 21h30, a bancada do PT na Alesp conseguiu reunir 25 assinaturas das 32 necessárias para protocolar o pedido de CPI. A Assembleia tem 94 deputados, dos quais 76 fazem parte da base aliada do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Atualmente, existem cinco CPIs em funcionamento na Casa, entre elas uma que investiga a obesidade infantil e outras duas que apuram invasões de terrenos e a epidemia de crack no Estado.

Lentidão

O deputado Capez disse que a investigação do caso da merenda anda em um ritmo mais lento do que ele desejava. "Sou o principal interessado nessa investigação. Fui eu quem pediu essa investigação", afirmou. O deputado alegou também que ele mesmo já assinou o pedido de abertura da CPI. O parlamentar já teve os sigilos bancários e fiscal quebrados pela Alba Branca. 

Legalmente, é Capez quem deve pedir reintegração de posse à Justiça. Ele afirmou que terá uma conversa com os estudantes, mas fará o pedido. "Tropa de Choque, quando entra, sempre tem consequências. Se fizermos profissionalmente, faremos. A PM já fez reintegrações mais complicadas e não houve problemas."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

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