LEVANTAMENTO

São Paulo: policiais mataram 191 adolescentes em 6 anos

Dez dessas mortes, em supostos casos de confronto, foram de crianças com menos de 14 anos

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Publicado em 28/06/2016 às 8:38
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Dez dessas mortes, em supostos casos de confronto, foram de crianças com menos de 14 anos - FOTO: Arte/SP
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As forças de segurança de São Paulo mataram 191 crianças e adolescentes de até 16 anos entre 2010 e essa segunda-feira (27), em supostos casos de confronto, segundo levantamento feito pela Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo, o que equivale a dois casos por mês. Dez dessas mortes foram de crianças com menos de 14 anos. No mesmo período, a Polícia Militar matou 2 788 pessoas em supostos confrontos. 

"Esses casos já vinham acontecendo há um tempo, mas passaram a despertar nossa atenção com mais clareza após a morte do menino de 10 anos, na Vila Andrade", disse o ouvidor, Julio César Nascimento. Segundo ele, todos esses casos estão sendo acompanhados pela Ouvidoria: uma das vítimas tinha 11 anos; outra, 13 anos; oito delas tinham 14 anos e, no total, 47 tinham 15 anos. As demais 134 vítimas tinham 16 anos. Para o ouvidor, um das causas desse número de mortes seria a sensação, por parte dos policiais, de que adolescentes infratores ficariam impunes caso fossem capturados pelos agentes após as perseguições. 

Outros casos

Só na zona leste da capital, região onde o menino de 11 anos foi morto por um guarda-civil municipal, outros dois adolescentes foram mortos após serem perseguidos por policiais militares somente nos últimos 20 dias. 

O primeiro caso aconteceu na noite do dia 9, uma quinta-feira. Três adolescentes, dois de 15 e um de 16 anos, teriam sido flagrados por policiais militares na Rua John Speers, no Parque do Carmo. Um deles teria atirado contra os PMs antes de o trio fugir a pé. Um policial atirou na direção dos garotos. Um dos meninos foi encontrado caído em uma viela, instantes depois, e não resistiu. Nenhuma arma foi localizada pelos policiais. 

Segundo informações do boletim de ocorrência, registrado no 53.º Distrito Policial (Parque do Carmo), o delegado que recebeu o caso foi até a cena do crime e ali não havia nem as cápsulas dos disparos feitos pelo PM. Os outros dois adolescentes envolvidos na ação, que foram detidos, não prestaram nenhuma informação aos agentes da Polícia Civil encarregados da apuração do caso. 

A segunda ocorrência foi registrada na sexta-feira, dia 24, apenas um dia antes da morte envolvendo o guarda-civil. Um adolescente de 15 anos foi flagrado por policiais em um Prisma que havia sido roubado pouco antes e foi perseguido. 

Momentos depois, o garoto desistiu de tentar fugir com o carro, parou o veículo e correu para um matagal na Rua Artur Franco, em Cidade Tiradentes. Segundo a Polícia, ao entrar no mato o adolescente teria atirado contra os policiais, que revidaram e o mataram.

Um revolver calibre 38 foi apreendido, com dois cartuchos disparados. O rapaz levou um tiro na cabeça e dois no peito. Peritos fizeram exame residuográfico, que pode determinar se o garoto fez disparos com arma de fogo. As armas dos policiais foram apreendidas.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) comentou o segundo caso nesta segunda. Disse que os PMs estão afastados de suas funções e que o caso é investigado. "Os desvios, quando acontecem, são apurados com todo rigor", afirmou Alckmin. A Secretaria da Segurança informou que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa investiga ambos os casos.

 

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