ALIMENTAÇÃO

Adolescente se alimenta mal e risco à saúde cresce

Uma pesquisa feita pela UFRJ em parceria com o Ministério da Saúde, mostra que adolescentes seguem uma dieta de alto risco para problemas cardiovasculares, renais e obesidade

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Publicado em 08/07/2016 às 12:05
Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Uma pesquisa feita pela UFRJ em parceria com o Ministério da Saúde, mostra que adolescentes seguem uma dieta de alto risco para problemas cardiovasculares, renais e obesidade - FOTO: Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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Uma pesquisa inédita feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Ministério da Saúde, mostra que adolescentes seguem uma dieta de alto risco para problemas cardiovasculares, renais e obesidade. A lista de problemas é extensa: refrigerante é o sexto alimento mais consumido, só metade toma mais de 5 copos de água por dia, 80% consomem sódio em excesso e todos ingerem menos cálcio e vitamina E do que o adequado. O trabalho tem por base um inquérito com estudantes de 12 a 17 anos, feito em 1.247 escolas espalhadas pelo País.

"Vivemos em uma transição do padrão africano, onde a fome era prevalente, para o padrão americano, onde a obesidade predomina", afirmou a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção à Saúde, Fátima Marinho. A epidemiologista considera que o fenômeno identificado agora entre adolescentes já ocorre há alguns anos na população adulta. "Nossa tarefa é tentar reverter esse padrão, sobretudo com população mais jovem." 

O conjunto de hábitos retratado na pesquisa preocupa. Mais da metade faz refeições sempre ou quase sempre na frente da TV. Quando não é o prato de comida, é o salgadinho. Dos entrevistados, 40% disseram que comem petiscos enquanto estão com o aparelho ligado e 73,5% passam duas horas ou mais vendo TV ou no computador. "Trabalhos mostram que, quando a pessoa faz refeições com companhia, há uma tendência maior de se prestar atenção no que se está comendo, reduzindo excessos", afirmou a coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Michele Lessa.

Arroz e feijão

A boa notícia está na permanência do hábito brasileiro de colocar no prato arroz e feijão. São os itens de alimentação mais consumidos pelos jovens, com 81,75% e 67,95%, respectivamente. No entanto, doces e refrigerantes, com 44,97% e 39,33%, por sua vez, estão mais bem colocados do que frutas e hortaliças (33,97%). No Nordeste, o consumo de frutas e hortaliças é tão baixo que não figura entre os 20 alimentos mais usados.

O padrão entre adultos é ainda mais desanimador. Estudo feito por telefone com moradores com mais de 18 anos das capitais do País mostra que 19% do brasileiros têm o hábito de consumir refrigerantes e sucos artificiais e 20% consomem doces 5 vezes por semana ou mais. O hábito reflete diretamente na obesidade: 18,6% são obesos - em 2010, eram 15%.

A estudante Morgana Miranda, de 18 anos, por exemplo, diz que toma refrigerante todos os dias e o hábito a acompanhou durante toda a adolescência. "Até penso em tomar suco, mas vou comer uma batata frita e não combina." Já na casa da estudante Tifany Ito, de 17 anos, sempre tem suco de caixa, diariamente. "Fazer suco natural dá muito trabalho."

Endocrinologista do Centro de Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Tarissa Petry diz que, por praticidade, brasileiros estão deixando de consumir alimentos naturais, mas que isso pode trazer sérias consequências para a saúde. "Estamos diagnosticando a obesidade cada vez mais cedo. Esses jovens vão ter diabete, hipertensão, enfarte e AVC mais cedo também."

Propaganda

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, destacou que a propaganda de alimentos ricos em sal, açúcar e gordura e com excesso de álcool poderia ser "aprimorada", sem dizer, no entanto, o que poderia ser feito. Mas assinou uma portaria que proíbe, a partir de hoje, a venda, promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados, ultraprocessados, com excesso de açúcar, gordura e sódio dentro das unidades do ministério. O mesmo vale para eventos patrocinados e ele espera que a medida seja replicada por outros órgãos de governo. (Colaborou Paula Felix)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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