Dia 20 de outubro comemora-se o dia mundial da prevenção a osteoporose, porque sim, é possível prevenir essa doença que afeta cerca de 10 milhões de brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).
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A osteoporose é uma fragilidade na microarquitetura do osso, causando a perda da densidade óssea, e é diagnosticada por meio do exame de densitometria óssea. "O raio-x ajuda, mas é impreciso, afinal o problema só aparece no raio-x quando há mais de 30% de perda da densidade do osso", explica o reumatologista e fisiatra Arnaldo Libman, do Centro de Reumatologia Ortopédica Botafoto (CREB), no Rio de Janeiro.
De acordo com o especialista, o maior problema dessa doença é que ela é uma "epidemia silenciosa" e, geralmente, só é diagnosticada após uma fratura mais grave. Muitas vezes, as pessoas nem sabem que os ossos já estavam fraturados e só vão ao médico quando sentem dores.
Mas antes do desenvolvimento de uma osteoporose, geralmente desenvolve-se uma osteopenia. Nesse estágio, os ossos já perderam uma quantidade considerável de cálcio e, consequentemente, da massa óssea. Se tratado nesse estágio, os efeitos do tratamento são mais positivos. Se a perda dessa massa for muito profunda, a doença evolui para uma osteoporose.
Conhecida como uma doença de idosos, a osteoporose começa a se desenvolver desde a juventude, mas só costuma se manifestar após os 50 anos. Isso porque, segundo Libman, "quando a gente nasce, a gente faz uma 'caderneta de poupança' de cálcio até uns 20 e poucos anos. A partir daí, existe uma perda de cálcio natural". A substância é obtida através do leite, inicialmente o materno, depois o de vaca e seus derivados.
Mas não é só de cálcio que o osso precisa. "Não adianta tratar a osteoporose só com a reposição de cálcio. Quase sempre existe a ausência de vitamina D. E isso é muito discutido entre os médicos, por que como num país tropical como o nosso, em que há excesso de sol, há ausência de vitamina D, que é metabolizada através dos estímulos dos raios solares? É importante informar a população sobre isso", explica o reumatologista.
Além disso, há fatores de risco para o desenvolvimento da doença, como as mulheres. No Brasil, cerca de 30% das pessoas do sexo feminino têm osteoporose no período pós-menopausa. Nos Estados Unidos, estima-se que o número total de pacientes com a condição seja de 9 milhões de pessoas e, dessas, 7 milhões são mulheres.
Mas não para por aí: pessoas com a doença no histórico familiar, com baixo peso, com uma vida sedentária, que têm deficiência hormonal ou que fazem uso de medicações como corticoide e eparina também são grupos de risco.
O tratamento da doença é feito por meio de medicamentos específicos, que podem ser via oral ou injetável. No último caso, a vantagem é que evita a intolerância digestiva e a descontinuidade do tratamento, porque o remédio pode ser injetado uma vez ao ano ou de seis em seis meses. Junto a medicação, é importante a atividade física.
"Nós temos uma programação que vai desde a qualificação da musculatura para que as pessoas evitem cair - lembre-se que estamos falando de pessoas de certa idade que têm alteração da marcha e do equilíbrio. Pois se há uma musculatura qualificada, as chances de cair são menores. A hidroterapia também ajuda a ampliar a mobilidade. A gente faz com que a musculatura não só tenha aumento da força mas que esteja alongada, o que dá mais resistência a pessoa com osteoporose", comenta Arnaldo Libman.
Desvendado mitos
Assim como a crença de que apenas o cálcio previne a osteoporose, há muitos outros mitos que rondam essa doença. O ginecologista e obstetra Domingos Mantelli comentou os principais conceitos do senso comum sobre a condição e as classificou como mitos e verdades. Confira:
1. A osteoporose é uma doença de idoso?
Mito - A osteoporose aparece após os 50 anos, em média, por conta da deficiência hormonal que faz com que o osso seja desmineralizado. No entanto, ela se desenvolve ao longo dos anos da juventude. Pode ser diagnosticada por meio de exames de rotina como sangue e urina, ou pelo teste de densitometria óssea, onde é medida a quantidade de massa óssea do paciente.
2. Existem mais casos de osteoporose em mulheres do que em homens?
Verdade - Uma a cada três mulheres sofrem fraturas relacionadas à osteoporose. As mulheres perdem hormônio, principalmente no período da menopausa. A doença pode aparecer em homens e mulheres, mas são elas que sofrem mais. A partir de certa idade, há uma diminuição do hormônio estrógeno e isso provoca alterações no ciclo de remodelação óssea. Já nos homens, o diagnóstico costuma ser mais tardio e, quando descoberto, já está em estágio avançado com fraturas em locais como punho e fêmur, diminuição da altura e disfunções respiratórias que comprometem a qualidade de vida e contribui para o aumento da mortalidade.
3. A falta de cálcio faz com que a pessoa desenvolva osteoporose?
Meia verdade - O excesso de cálcio também leva a osteoporose, assim como problemas hormonais e carência de proteína. Outros fatores também colaboram para o desenvolvimento do mal, entre eles, tabagismo, bebidas alcoólicas, falta de exercícios e histórico familiar (pessoas que possuem histórico de osteopenia, estágio anterior ao da osteoporose).
4. Anticoncepcional pode causar osteoporose?
Verdade - O anticoncepcional é uma das principais causas para o surgimento da osteoporose já que seu uso permite inibir a ovulação e a produção de progesterona. Consequentemente, há um estímulo das células chamadas osteoclastos, que extrairão a matriz óssea e levarão a uma maior perda óssea.
5. O melhor tratamento para evitar a osteoporose é não praticar atividade física?
Mito - Para evitar problemas futuros devemos nos preocupar com a doença desde cedo e isso inclui atividades físicas, além de dietas ricas em cálcio e vitamina D. Os ossos estão no auge de sua vitalidade até os 25 anos, depois disso a estrutura óssea começa a enfraquecer e os riscos de se ter osteoporose são maiores. Mulheres precisam ter cuidado redobrado a partir dos 40 anos. As atividades físicas são aliadas quando não se tem a doença. O modo de prevenir é fazer exercícios de alta intensidade para fortalecer os ossos. Além disso, há tratamentos com reposição de cálcio, vitamina D, vitamina K e magnésio. Recomenda-se tomar sol com os devidos cuidados com a pele.