Após uma solução negociada diretamente com o presidente Michel Temer sobre a troca de comando na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira (3) que a primeira colocada nas eleições, Nísia Verônica Trindade Lima, vai assumir o cargo de presidente do órgão.
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O ministro da Saúde, Ricardo Barros, informou que houve um "entendimento em torno da unidade” da instituição. Nísia, o ministro e a segunda colocada na disputa, Tania Cremonini de Araújo-Jorge, reuniram-se com o presidente que, de acordo com Barros, patrocinou um “momento de conciliação” para a polêmica sobre a sucessão na entidade. Segundo ele, Tania e os demais integrantes da chapa vão participar da gestão de Nísia após uma “conciliação de interesses de união em torno dos objetivos propostos pela Fiocruz”.
Lista tríplice
Na semana passada, após notícias de que o Planalto nomearia a segunda colocada, o atual presidente do órgão, Paulo Gadelha, enviou uma carta a Temer e concedeu entrevistas à imprensa pedindo que o Planalto mantivesse a tradição e nomeasse a candidata mais votada. Via de regra, em órgãos vinculados ao governo, como por exemplo universidades federais, uma lista tríplice é enviada ao presidente da República após eleições internas, que pode escolher o nome que preferir.
O ministro da Saúde admitiu que o nome da segunda colocada, Tania, chegou a ser cogitado, mas disse que a solução negociada desde ontem com Temer foi a "mais adequada" para a Fiocruz. De acordo com ele, mudanças e "avanços" são necessárias no órgão para que tragam resultados como eficiência, aumento da produção de medicamentos e economia para os cofres públicos.
“Lá [na Fiocruz], como em uma eleição do Senado, você pode votar em dois ou três candidatos simultaneamente, portanto não há uma disputa direta entre as candidaturas. As duas tinham mais que os 30% de apoiamento exigidos, portanto estavam habilitadas para serem nomeadas. Então, não há nenhum prejuízo dentro da regra de que qualquer uma das duas fosse escolhida. Então conseguimos, com um pedido do presidente, articular essa solução de união e conciliadora”, afirmou o ministro.
Divulgado em novembro pela comissão eleitoral da Fiocruz, o resultado das eleições trouxe Nísia com 59,7% dos votos em primeira opção e Tania com 39,6% dos votos, também como primeira opção. "A presidente será a Nísia e haverá, da parte do ministério e da chapa da Tania, a possibilidade de interlocução e de participação no processo de busca dos objetivos que foram estabelecidos pelo ministério para a Fiocruz”, disse Ricardo Barros, acrescentando que a ocupação de cargos por Tania não foi discutida.