Após a descoberta de uma jazida de pedra ametista na cidade de Sento Sé, no Norte da Bahia, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) informou nesta terça-feira (23) que autorizou a extração da rocha pelos mineiros da região, desde que a atividade seja regulamentada pelo órgão.
Segundo nota emitida pelo departamento ligado ao Ministério de Minas e Energia (MME), a prefeitura de Sento Sé deve fiscalizar e elaborar “ações de suporte” para reduzir os efeitos sociais e econômicos indesejados na cidade e no meio ambiente.
“Eu sou do ramo e sempre trabalhei com pedras. Nós avaliamos a situação aqui e uma outra equipe maior vai se concentrar para fazer uma avaliação de tudo que foi visto e analisado, para tratarmos da regularização, para dar tranquilidade ao garimpeiro. Esse é um novo garimpo que vai ser tão grande quanto o garimpo da cabeluda [também de Sento Sé]”, avaliou o superintendente do DNPM, Raimundo Sobreira Filho.
Descoberta
A mina de ametista foi descoberta por moradores, no início deste mês, no alto de uma das serras que contornam a cidade de Sento Sé, no garimpo de Quixaba, a cerca de 700 quilômetros da capital Salvador. A informação atraiu o interesse de moradores e milhares de pessoas que foram até a cidade, para trabalhar na extração da pedra considerada preciosa. O quilo do mineral chega a custar R$ 3 mil.
Ao saber da descoberta, geólogos e engenheiros de minas do DNPM foram à cidade para conhecer o local das extrações e conversaram com representantes da população e do governo municipal, entre os dias 16 e 17 de maio.
O órgão estima que mais de 3 mil pessoas oriundas de várias regiões do país se dirigiram ao garimpo Quixaba. A prefeitura da cidade, no entanto, avalia que cerca de 8 mil pessoas foram até a cidade.
É o caso do garimpeiro Rosemiro Freire, vindo do município de Jussara, vizinho de Sento Sé.
“Cheguei faz quatro dias. Tem muita pedra por aqui, muita gente veio e desistiu porque achou difícil, mas acho que quem desistiu é mole. A gente se mantém numa barraca e Deus dá recurso para nos alimentarmos aqui. Acho que esse garimpo vai durar a vida toda”, disse o garimpeiro de 83 anos, que atua na atividade desde os 20 e enxerga uma nova oportunidade de conseguir renda para a família.
Outro integrante da equipe do DNPM Bahia é o engenheiro de minas, Marco Freire. Para ele, a descoberta é uma opção para as pessoas que estão desempregadas e precisam de uma renda. Ele diz ver “com bons olhos” a oportunidade para as milhares de pessoas que se arriscam diariamente na atividade, mas quer garantir a segurança e assistência a essas pessoas.
“Nós vamos propor uma comissão mais ampla com outras instituições [oficiais e civis] para atuarmos em diversas frentes, segurança do trabalho, acesso, assistência social, uma força-tarefa. Ao DNPM compete agilizar o processo de regularização ou fiscalização”, afirma.
Segundo o DNPM, a reunião que dará início à regularização do garimpo será realizada em Salvador, mas ainda não há data prevista.