A Avianca, companhia aérea em recuperação judicial, realiza nesta quarta-feira (27) uma audiência para discutir com os arrendadores a devolução amigável de aeronaves, disseram ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, fontes que acompanham o tema de perto. Há meses os arrendadores tentam executar ordens de arresto que, no momento, estão congeladas por decisão do juiz da recuperação judicial. Um embate, entretanto, está em andamento na Justiça desde a semana passada, quando a Avianca informou que não estava cumprindo os pagamentos de leasing e outros compromissos, condição para que a suspensão dos pedidos de arresto fosse mantida.
A conversa com os arrendadores é um passo essencial para que a companhia garanta certa tranquilidade nas conversas com credores e com seus potenciais compradores/investidores. Na sexta-feira, a Avianca vai apresentar pela primeira vez a proposta da Azul aos credores tentando garantir sucesso na operação de venda dos ativos.
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A Avianca, excluindo os arrendadores, tem R$ 2,5 bilhões em dívidas, a maior parte com fundos ligados à administradora de recursos norte-americana Elliot, detentora de cerca de R$ 2 bilhões em dívidas. A dívida dos arrendadores soma mais de R$ 500 milhões.
Até o momento, apenas a Azul manifestou intenção de levar a Avianca, num modelo que envolveria a aquisição por R$ 404 milhões de uma Unidade Produtiva Isolada (UPI), contendo parte de sua frota e das autorizações de pousos e decolagens (slots, no jargão do setor) da Avianca. O negócio precisa, entretanto, do aval dos credores, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e das arrendadoras das aeronaves.
Rotas
Nesta terça-feira (26), a Avianca informou ao mercado que vai descontinuar algumas de suas rotas e encerrar as atividades de três bases operacionais - Galeão, no Rio de Janeiro, Petrolina (PE) e Belém. A readequação acontecerá progressivamente durante o mês de abril e tem como objetivo ajustar sua operação e reduzir o tamanho de sua frota, como parte do plano de Recuperação Judicial. O objetivo será operar 23 destinos, com 26 aeronaves.
"A Avianca Brasil informa que as 32 rotas remanescentes são estratégicas e continuam a ser operadas normalmente, com seus pousos e decolagens mantidos dentro do cronograma previsto", disse a companhia em nota.
Na proposta não vinculante de aquisição feita pela Azul, os ativos envolvem 70 pares de slots e cerca de 30 aeronaves Airbus A320. Dívidas da Avianca não fazem parte do acordo. No entanto, especialistas não descartam que os arrendadores possam cobrar da Azul tais dívidas, dado que a jurisprudência, em outros casos, julgou pela sucessão de dívidas mesmo estando os ativos dentro de uma UPI, que pela lei de recuperação judicial garante o isolamento de dívidas passadas.