DROGA

Foto mostra mala com os 39 quilos de cocaína apreendidos em voo da FAB

Na mala, estavam 37 pacotes da droga, com pouco mais de um quilo cada, enrolados em papel bege, exceto um, que foi embrulhado em um de cor amarela

JC Online
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Publicado em 03/07/2019 às 9:13
Foto: El País
Na mala, estavam 37 pacotes da droga, com pouco mais de um quilo cada, enrolados em papel bege, exceto um, que foi embrulhado em um de cor amarela - FOTO: Foto: El País
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Uma foto mostra a mala com 39 quilos de cocaína apreendida com o sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, no aeroporto de Sevilha, na Espanha, no último dia 25 de junho, foi divulga nesta quarta-feira (3) pelo jornal espanhol El País.

Na mala, estavam 37 pacotes da droga, com pouco mais de um quilo cada, enrolados em papel bege, exceto um, que foi embrulhado em um de cor amarela. Segundo o El País, a forma como a droga foi encontrada, sem estar oculta, levantou a suspeita dos policiais espanhóis de que o militar brasileiro acreditava que não seria submetido a nenhum tipo de controle alfandegário por fazer parte da comitiva do presidente brasileiro em viagem oficial.

Autoridades da Guarda Civil da Espanha avaliaram em 1,3 milhão de euros (cerca de 5,6 milhões de reais) a droga apreendida.A apreensão aconteceu durante uma escala para o voo que seguia para o Japão, em comitiva de apoio à viagem de Bolsonaro à cúpula do G-20, em Osaka.

Rodrigues fazia parte da comitiva de 21 militares que acompanhou a viagem do presidente. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em que estava o militar é usado como reserva da aeronave presidencial e, portanto, a comitiva da qual o sargento fazia parte não estava no mesmo voo que transportou Bolsonaro.

"Apesar de não ter relação com minha equipe, o episódio ocorrido na Espanha, é inaceitável. Exigi investigação imediata e punição severa ao responsável pelo material entorpecente encontrado no avião da FAB. Não toleraremos tamanho desrespeito ao nosso país!", escreveu Bolsonaro em rede social menos de 24 horas após a prisão do militar.

O sargento será investigado em um inquérito policial-militar pela FAB. Um dos focos da investigação é o embarque e o transporte da droga na aeronave militar. De acordo com uma fonte das Forças Armadas ouvida pela reportagem, o episódio deve levar a uma revisão das normas de embarques em aviões militares e da comitiva presidencial. Atualmente, a fiscalização de bagagens é feita de maneira aleatória nas aeronaves.

Também militar, o vice-presidente general Hamilton Mourão chegou a afirmar que o sargento faria parte da tripulação do voo de volta de Bolsonaro ao Brasil. Mais tarde, se corrigiu. "Ele estaria somente na equipe de apoio, não estaria em momento algum na aeronave do presidente", declarou.

Mourão também afirmou que o militar estava trabalhando como uma "mula qualificada", por causa da quantidade de droga carregada. "Ele estava trabalhando como mula, e uma mula qualificada", disse o vice-presidente, citando o termo usado para pessoas pagas por traficantes para transportar drogas.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, foi ao Twitter afirmar que o caso será investigado. "O militar preso com drogas em Sevilha é uma ínfima exceção em corporação (FAB) que prima pela honra. Os fatos serão devidamente apurados pelas autoridades espanholas e brasileiras", disse Moro.

Desgaste

No Congresso, a oposição tenta usar o episódio para desgastar o governo. Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Weverton Rocha (PDT-MA) apresentaram requerimento para que o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, preste esclarecimentos à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado sobre o caso envolvendo o sargento preso.

No Supremo Tribunal Federal, o assunto foi tratado durante uma sessão de julgamentos da Corte, a partir de um questionamento feito pelo ministro Celso de Mello. O decano afirmou estar preocupado com a construção de "santuários de proteção de criminosos comuns", com relação a espaços institucionais reservados a autoridades com prerrogativa de foro privilegiado.

Outras viagens

Segundo informações do Portal da Transparências, o sargento preso na Espanha esteve em voos de outros presidentes, além de Bolsonaro. Em janeiro do ano passado, quando o então presidente Michel Temer embarcou para a Suíça para participar do Fórum Econômico Mundial em Davos, há registro do serviço do sargento no transporte do chamado escalão avançado da Presidência.

Na gestão Bolsonaro, Rodrigues fez mais duas viagens. Em 24 de maio, voou de Brasília ao Recife e fez o retorno no mesmo dia, período em que o presidente visitou a capital pernambucana. Em março, o sargento fez voos entre os dias 18 e 19, com destino às cidades de Porto Alegre e São Paulo. Na data, no entanto, Bolsonaro estava em viagem aos Estados Unidos. Ainda de acordo com o Portal de Transparência do governo, Rodrigues tem remuneração bruta de R$ 7.298.

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