Pesquisadores da Universidade de Londres divulgaram, nessa quinta-feira (23), um estudo que possibilitou a reprodução da voz da múmia Nesyamun, que morreu há três mil anos. Ela fica no Leeds City Museum e é considerada uma das mais bem preservadas do Reino Unido.
De acordo com os pesquisadores, o som obtido pode ser descrito como como algo entre as vogais nas palavras em inglês "bed" (cama) ou "bad" (mau). Ao ouvir, é bem provável que você escute algo próximo ao som de ovelhas.
"O som que você ouve é o do trato vocal na posição em que ele está deitado no sarcófago", disse Howard, professor de engenharia elétrica da Royal Holloway, da Universidade de Londres. Ele explica ainda que o som produzido não é necessariamente o que o egípcio faria caso estivesse vivo, pois na reconstrução que fizeram faltam o palato mole e boa parte da língua.
O resultado da pesquisa foi divulgado pelo Scientific Reports, jornal científico de acesso aberto publicado pelo Nature Publishing Group, cobrindo todas as áreas das ciências naturais.
Ouça a voz da múmia Nesyamun:
A história da múmia Nesyamun
Nesyamun, também conhecido como Natsef Amun, era um sacerdote do templo de Karnak por volta de 1000 a.C. Ao morrer, foi enterrado na região de Deir el-Bahari. Ali sua múmia permaneceu até 1823 d.C. quando M. J. Passalacqua, um antiquário a encontrou junto com várias outras. A reconstituição do rosto desta múmia revela a forte aparência núbia do sacerdote, o que não era incomum no Alto Egito.
Os restos mortais de Nesyamun estão em um sarcófago em exibição permanente no Museu da Cidade de Leeds, na Inglaterra, há quase dois séculos. No artigo que revela a voz do egípcio, os professores contam que no caixão em que a múmia se encontra está o epíteto "maat kheru", que significaria "verdadeiro da voz". Além disso os pesquisadores afirmam que ua voz era parte essencial de seus deveres rituais, que envolviam elementos falados e cantados.