SAÚDE

Ministério da Saúde descarta coronavírus em paciente de Niterói, no Rio de Janeiro

Mais cedo, a Prefeitura da cidade havia informado que monitorava um paciente com suspeita de infecção pelo novo vírus, que já contaminou mais de 2 mil em todo o mundo

Marcelo Aprígio
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Marcelo Aprígio
Publicado em 27/01/2020 às 11:11
Foto: Hector RETAMAL / AFP
Mais cedo, a Prefeitura da cidade havia informado que monitorava um paciente com suspeita de infecção pelo novo vírus, que já contaminou mais de 2 mil em todo o mundo - FOTO: Foto: Hector RETAMAL / AFP
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Atualizado às 11h30

O Ministério da Saúde anunciou por volta das 11h desta segunda-feira (27) que um paciente de um hospital em Niterói, no Rio de Janeiro, não está com os sintomas semelhantes aos que a Organização Mundial da Saúde (OMS) enquadra na definição do novo coronavírus. Mais cedo, a Prefeitura da cidade havia informado que monitorava um paciente com suspeita de infecção pelo novo vírus, que já contaminou mais de 2 mil em todo o mundo. Por meio de nota, a Fundação Municipal de Saúde da cidade disse que o homem veio da China na última semana e está internado em um hospital privado.

“O caso relatado no Hospital Icaraí, localizado no Rio de Janeiro (RJ), não se enquadra na atual definição de caso suspeito para NCOV-2019 (o novo coronavírus), estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Seguirá, portanto, o fluxo de procedimentos para influenza e, desta forma, estabelecer seu diagnóstico apropriado”, diz a nota do Ministério da Saúde.

>> Veja o que se sabe sobre o coronavírus

Casos de coronavírus podem superar 40 mil

Cientistas de Hong Kong afirmaram que o número de casos do coronavírus pode superar 40.000 e, por este motivo, consideram que os governos devem adotar medidas drásticas para limitar os deslocamentos da população se desejam deter a propagação da epidemia.

Os cientistas da Universidade de Hong Kong (HKU) advertiram para uma aceleração da propagação do coronavírus, que até o momento deixou oficialmente 80 mortos na China, de um total de 2.744 casos confirmados. O número de casos suspeitos dobrou em 24 horas e se aproxima de 6.000.

Com base em modelos matemáticos da propagação do vírus, a equipe antecipa que o número real de contágios é muito superior ao balanço das autoridades, que considera apenas os casos formalmente identificados.

Epicentro

O epicentro da doença continua sendo Wuhan e a província de Hubei. Mas também foram encontrados casos nas grandes cidades do país, como Pequim, Xangai, Shenzhen ou Cantão.

"Devemos nos preparar para o fato de que esta epidemia em particular se converta em uma epidemia mundial. Devem ser adotadas o mais rápido possível medidas importantes e draconianas para limitar os movimentos da população", completou Leung.

O vírus já foi detectado em uma dezena de países, até a América do Norte, Europa e Austrália, em pessoas que chegaram de Wuhan.

É completamente novo

Ao que parece, o vírus pertence a uma cepa desconhecida até agora de coronavírus, uma família de patógenos que abrange de resfriados comuns até a Sars, que matou 349 pessoas na China continental e 299 em Hong Kong em 2002 e 2003.

Arnaud Fontanet, chefe do departamento de epidemiologia no Instituto Pasteur de Paris, explicou à AFP que a cepa do vírus atual é em 80% idêntico geneticamente ao da Sars.

A China compartilhou o genoma do vírus com cientistas de outros países.

No momento, é chamado de "2019-nCoV".

Contágio entre humanos

A Organização Mundial da Saúde anunciou na segunda-feira que acredita que a "fonte primária" do surto tenha origem animal, e as autoridades de Wuhan disseram que o epicentro do vírus está no mercado de peixes.

No entanto, a China confirmou mais tarde que o vírus se espalhou entre os seres humanos sem contato com o mercado.

Nathalie MacDermott, do King's College, em Londres, disse que o vírus pode ser transmitido pelo ar quando a pessoa infectada tossir ou espirrar.

Médicos da Universidade de Hong Kong disseram na terça-feira que haveria cerca de 1.343 casos em Wuhan, número semelhante à projeção de 1.700 na semana passada no Imperial College de Londres. Ambas as estimativas são superiores aos números oficiais.

Mais brando que a Sars

Comparados com os da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), os sintomas desse novo vírus parecem ser menos agressivos, e os especialistas destacam que o balanço de mortos ainda é relativamente baixo.

Segundo as autoridades de Wuhan, 25 de mais de 200 pessoas infectadas na cidade se curaram.

"É difícil comparar essa doença com a Sars", comentou Zhong Nanshan, um reputado cientista da Comissão Nacional de Saúde da China em uma coletiva de imprensa nesta semana. "É suave. O impacto no pulmão não é como a SRAS".

No entanto, os cientistas ressaltam que o vírus ser suave também pode gerar alarde já que, com sintomas mais leves, as pessoas podem continuar viajando antes de detectarem a presença do vírus.

Emergência de saúde pública internacional?

A OMS se reunirá na quinta-feira para decidir se o surto se trata de uma "emergência de saúde pública internacional".

A agência usou essa denominação poucas vezes, como no caso do vírus H1N1, ou febre suína (2009); a epidemia do vírus do Ebola (2014-2016) e o vírus da Zika (2016).

O governo chinês deu ao surto a mesma classificação que a SRAS, o que comportará a quarentena obrigatória para os diagnosticados e uma possível instauração de restrições para viajar.

Precaução no mundo todo

Na Tailândia as autoridades decretaram controles de temperatura corporal obrigatórios para os passageiros procedentes de zonas de alto risco da China.

Medidas similares foram tomadas pelos governos de Hong Kong, onde centenas de pessoas morreram durante a epidemia da Sars entre 2002 e 2003, e Estados Unidos, que está controlando os passageiros provenientes de Wuhan.

Taiwan emitiu um alerta para os passageiros que viajarem com origem ou destino da província chinesa onde se encontra o foco do problema. O Vietnã reforçou os controles terrestres com seu vizinho chinês.

Os Estados Unidos também ordenaram a triagem de passageiros que chegam em voos diretos ou de conexão a partir de Wuhan, inclusive nos aeroportos de Nova York, São Francisco e Los Angeles.

Na Europa, Grã-Bretanha e Itália disseram que introduzirão um monitoramento aprimorado dos voos a partir de Wuhan, enquanto a Romênia e a Rússia também estão reforçando os controles.

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