LONDRES - Antimonárquicos e republicanos britânicos se reuniram nesta sexta-feira, em Londres, em uma festa do "Não Casamento Real", no mesmo momento em que o país festejava o enlace matrimonial entre o príncipe William e Kate Middleton. "Nem todo o país está em êxtase ante o casamento real", afirmou Graham Smith, dirigente do grupo antimonárquico Republic, ante cerca de 200 pessoas reunidas numa praça londrina.
A festa "Not the Royal Wedding" foi convocada pelo Republic, grupo segundo o qual existem entre 10 e 12 milhões britânicos republicanos (em uma população de 63 milhões). Os republicanos britânicos querem que a monarquia seja substituída por um chefe de Estado eleito e que tenha uma nova Constituição republicana. "É uma instituição falida que há tempos abdicou de qualquer responsabilidade no poder, mas que continua recebendo o que pode dos contribuintes", sentencia Republic em seu site.
"Desejamos a William e a Kate toda a felicidade pessoal, mas estamos aqui pra afirmar que existem 12 milhões de republicanos que não estão contentes com a perspectiva de que William vire rei", afirmou Sophia Deboick, de 29 anos, uma voluntária da Republic. Com esta festa, a Republic assegura celebrar a "democracia e o poder popular, e não os privilégios herdados". Durante a festa foram vendidas canecas "republicanas", em oposição às milhares de taças vendidas com a imagem do casal real. Nelas, pode ser lido "I'm not a royal weeding mug" ("Não sou uma caneca de casamento real"), onde se faz um trocadilho com o duplo sentido de "mug" em inglês: caneca e boboca.
Em plena ressaca pós-casamento real, o grupo receberá, no sábado, em Londres a Segunda Convenção da Aliança de movimentos republicanos europeus, com a participação de militantes de países regidos por monarquias(Espanha, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Noruega e Suécia). "Cada vez é mais fácil ser republicano no Reino Unido, temos cada vez mais apoio", assegura à AFP Emily Robinson, presidente-executiva do Republic, grupo que diz representar quase 20% dos britânicos republicanos e conta com 12.000 membros de todo o espectro político e social do país.
"Nossos apoios se multiplicaram por dois desde o anúncio do casamento (em novembro passado)", acrescenta Robinson, atribuindo o fato essencialmente à raiva pelo alto custo da cerimônia. A lista de alguns convidados ao casamento real também provocou a raiva nos republicanos, incomodados com a presença de líderes da Arábia Saudita, Suazilândia, Kuwait e Lesoto, entre outros países.
"Parece o 'who's who' dos tiranos e seus comparsas", reclama Graham Smith, diretor do Republic. "O que aconteceu com a suposta consciência social de William? Deve assumir sua responsabilidade pessoal nisto e rescindir imediatamente estes convites", acrescenta Smith, para quem "William e Kate foram manipulados ao fazer a lista (de convidados)". Mas não parece muito próximo o momento em que os britânicos "se livrarão de sua monarquia", como desejam os republicanos.
É certo que uma pesquisa divulgada nesta semana demonstrou que apenas pouco mais de um terço dos britânicos está realmente entusiasmado com o casamento real. No entanto, esta aparente falta de fervor quanto à cerimônia não impediu que 67% dos britânicos acreditem que a monarquia britânica é ainda apropriada no século XXI, e que 63% pensem que seu país está em melhor situação com uma família real do que sem ela.