BRASÍLIA - A Estação Comandante Ferraz, base militar e científica brasileira na Antártida, foi destruída sexta (24) em um incêndio que causou a morte de dois sargentos. Havia 60 pessoas na estação, metade delas pesquisadores de universidades nacionais, que escaparam ilesos.
O fogo começou na praça das máquinas, onde funcionam os geradores da estação, e se alastrou com rapidez. A estação tem um formato contínuo. A praça das máquinas não é separada fisicamente dos alojamentos e demais ambientes.
"A estação acabou." A frase foi usada por um oficial da Marinha lotado na Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm), envolvida nas atividades brasileiras na Antártica, em telefonema cedo a uma pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que voltou da estação este ano. O militar teve a incumbência de informar os coordenadores de pesquisas sobre o ocorrido.
O fogo começou às 2h. Uma explosão acordou a todos. As causas são desconhecidas até agora. Os 30 pesquisadores, um alpinista que presta apoio às ações de campo, um representante do Ministério do Meio Ambiente e 12 funcionários civis do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (especializados em reparos e manutenção) foram transferidos ao amanhecer, em helicópteros, para a base chilena Eduardo Frei.
De acordo com a Marinha, um avião cedido pela Força Aérea da Argentina resgatará o grupo brasileiro na base do Chile, levando-o para a cidade chilena de Punta Arenas. De lá os brasileiros deverão voltar em aviões Hércules C-130 da Força Aérea Brasileira (FAB). As datas do resgate e do regresso ao País não foram anunciadas.
Em contatos por e-mail com parentes no Brasil, os pesquisadores relataram de modo bastante sucinto o que aconteceu e avisam que somente em Punta Arenas, por causa dos transtornos e dificuldades decorrentes do incêndio, poderão retomar os contatos.
"Ontem à noite aconteceu um incêndio na estação. Fomos resgatados agora sem ferimentos. (...) Estamos na base chilena. (...) Assim que puder telefono", avisou cedo o biofísico João Paulo Machado Torres, da UFRJ, à mulher Susana Fonseca. Uma equipe de 15 militares da Marinha, comandadas pelo capitão-de-fragata Fernando Tadeu Coimbra, permaneceu na base, sediada na Baía do Almirantado, ilha Rei George, no arquipélago Shetlands do Sul, a 130 km do continente antártico. Não há previsão de quando poderão ser resgatados.
Por enquanto, a tarefa básica deles será debelar o fogo e recuperar os corpos. Dois navios da Marinha argentina e dois botes da estação antártida polonesa apoiam as ações da equipe brasileira, além de helicópteros da base do Chile. O militar ferido foi levado para a base da Polônia, onde recebeu os primeiros socorros.
A Marinha informou que o navio Almirante Maximiano partiu sexta de Punta Arenas em apoio às ações que terão que de ser desenvolvidas na Estação Antártica Comandante Ferraz. Os trabalhos dos pesquisadores da UFRJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Vale dos Rio dos Sinos (Unisinos) e Universida.