A Colômbia inaugurou no início de dezembro um Muro das Lamentações muito parecido com seu homônimo em Jerusalém, onde milhares de colombianos podem enfiar em suas fissuras mensagens em memória das vítimas do conflito armado interno que há quase meio século enluta o país.
O monólito negro pode ser visitado em meio ao antigo Cemitério Central, na capital, onde repousam milhares de corpos de pessoas jamais identificadas.
Depois de vários anos de preparação, o "Centro da Memória, da paz e da reconciliação" foi inaugurado um momento crucial devido às negociações de paz entre o governo e a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a mais antiga da América Latina, com 48 anos de levante insurgente.
No muro, o visitante pode colocar uma mensagem dentro de um tubo de vidro para recordar as vítimas que caíram sob o fogo das guerrilhas, ou dos paramilitares de extrema-direita ou de bandos criminosos envolvidos no conflito armado.
O conflito colombiano deixou nos últimos 50 anos cerca de 600.000 vítimas, 15.000 desaparecidos e mais de quatro milhões de deslocados, segundo cifras oficiais.
Inúmeras associações se uniram para a construção do Centro, entre elas a Rede Latino-americana 'Hijos'.
Com uma página na internet (www.centromemoria.gov.co), o Centro pretende recolher mais de 40.000 testemunhos em um ano.