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Sob a sombra de Chávez

Pouco mais de um mês após a morte do líder, país vai elege hoje seu sucessor, entre o aliado Maduro e o opositor Capriles

Renato Mota
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Renato Mota
Publicado em 14/04/2013 às 8:33
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Pouco mais de um mês após a morte do líder, país vai elege hoje seu sucessor, entre o aliado Maduro e o opositor Capriles - FOTO: NE10
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Poucos dias após a morte de Hugo Chávez, em março passado, parte da opinião pública internacional chegou a especular se o presidente interino, Nicolás Maduro, convocaria uma nova eleição dentro de 30 dias, como prevê a Constituição. Contrariando os temerosos por um golpe de Estado, hoje realizam-se na Venezuela as eleições presidenciais que definirão o próximo líder do Executivo até 2019. Na disputa, além do herdeiro político de Chávez, o candidato da oposição Henrique Capriles está de volta, mesmo depois da derrota sofrida no ano passado diante do falecido presidente.

Com pouco tempo para preparar suas campanhas, cada um dos oponentes agarrou-se desesperadamente aos papéis mais fáceis que cada um poderia representar: Maduro apresentou-se como continuidade e Capriles, como mudança. Nesse contexto, propostas de governo ficaram em segundo plano, dando espaço para os candidatos trocarem ofensas mútuas. "A campanha curta, de apenas dez dias, favorece Maduro", observa a professora de relações internacionais da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), em São Paulo, Juliana Costa, em entrevista à Agência Estado. “Não acredito que haverá mudança brusca, apesar do crescimento inesperado de Capriles nos últimos dias”, completa.

Esse é um resultado ainda da influência de Hugo Chávez, que reverberou nestas eleições. “O legado de Chávez continua a dividir o país, embora seu significado político ainda não esteja perfeitamente estabelecido. Apenas em alguns anos, talvez décadas, este significado se condensará. No momento, as emoções são ainda muito fortes e a figura de Chávez é evocada, por seguidores e oponentes, como parte da retórica política”, opina o professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Antonio Jorge Ramalho, em entrevista por e-mail. 

Mesmo usando e abusando do discurso populista que herdou de Chávez, ainda falta a Maduro o carisma que marcou o antigo líder Venezuelano. Apesar da experiência política que ganhou nos anos de governo chavista, o atual presidente interino terá que mostrar serviço rápido caso seja eleito. “Maduro é um político mais pragmático, que representa a maior parte do grupo chavista. Por carecer do carisma do ex-presidente, precisará ser mais eficaz na gestão do Estado e na atenção à maior parte da população, que esperará do Governo resultados”, avalia Ramalho. 

"Maduro por si só não ganhou novos seguidores, apesar de também não buscá-los. Ele não se apresenta como um candidato, e sim como um veículo para se votar em Chávez e em seu legado", explica à Agência France Presse o diretor do instituto de pesquisas Datanálisis, Luis Vicente León. Mas sua força política não deve ser questionada ainda tão cedo. "Na política nunca subestime alguém. Chávez escolheu Maduro, e teve seus motivos porque havia outras pessoas. Maduro é um homem com experiência política e com uma profunda formação, mais elevada do que as críticas que pode receber", considera o professor da Universidade Central da Venezuela, Alexandre Luzardo, também à AFP.

Entretanto, para o professor da UnB, Capriles tem mais chances hoje do que em 2012, quando conseguiu 45% dos votos. “Ele consolidou-se como maior líder da oposição, que reúne todos os que não se deixaram emocionar pela retórica chavista e que não se beneficiam diretamente do governo atual”, afirma Ramalho. Segundo o professor, Capriles ainda recebe apoio de muitos chavistas desencantados com a ineficiência e os altos níveis de corrupção observados no governo atual. "Capriles melhorou sua imagem e estilo de campanha. Afiou sua oratória, tem mais confiança e sabe qual deve ser o seu ponto de ataque", indica Luzardo.

Leia a reportagem completa na edição de domingo (14) do Jornal do Commercio.

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