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Cresce o desespero entre os sobreviventes do supertufão filipino

As autoridades locais também pedem ajuda para proporcionar um enterro digno para as vítimas

Da AFP
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Publicado em 14/11/2013 às 13:52
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TACLOBAN - Quase uma semana após a passagem do tufão Haiyan pela Filipinas, a ajuda chega aos poucos ou nem chega. Assim como inúmeros sobreviventes, resta a Cyrus Trimar procurar em meio às ruínas algo para alimentar seus filhos salvos da tragédia.

O jovem de 29 anos amarrou seus três filhos a uma viga da sua casa para que não fossem levados pelas ondas gigantes que invadiram sexta-feira (8) sua cidade natal de Tacloban provocadas por um dos mais poderosos tufões a atingir a Terra com ventos de mais de 300 km/hora.

Hoje, é uma das milhares de vítimas famintas e entregues a própria sorte. "Se a ajuda alimentar chegasse agora, eu iria parar com os saques", declarou à AFP, depois de recuperar um pacote de macarrão do caminhão de um supermercado que capotou e matou um porco errante.

O suplício deste pai está longe de ser o único, enquanto a própria ONU reconheceu nesta quinta-feira (14) que a ajuda humanitária não tem chegado rápido o suficiente. "Eu sinto que simplesmente abandonamos o povo", reconheceu a chefe da ONU para as operações humanitárias, Valerie Amos.

"Acredito que cada um de nós está extremamente chateado (...) de não poder atender a todos".

Apesar das promessas da comunidade internacional, que desbloqueou dezenas de milhões de euros, as ONGs lamentam a falta de caminhões e combustível, a dificuldade de acesso a Tacloban e precárias condições de segurança, após comboios de ajuda terem sido atacados.

"É um pesadelo logístico", resumiu nesta quinta-feira a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), que está enviando centenas de toneladas de equipamento e mais de 100 pessoas para as várias ilhas devastadas pelo tufão. "O acesso é muito difícil e (a situação) impede as pessoas de receber ajuda", disse Natasha Reyes, da organização.

"Como um roubo a banco"
"Os saques e a insegurança geral são preocupantes", ressaltou Cat Carter, da ONG Save the Children. "Encontrar um lugar seguro para armazenar a ajuda durante a noite é um verdadeiro desafio", acrescentou, apontando para a falta de energia elétrica e falta de coordenação. "É incrivelmente frustrante".

Mas se a ajuda alimentar e médica é, naturalmente, necessária, as autoridades locais também pedem ajuda para proporcionar um enterro digno para as vítimas, enquanto as ruas de algumas áreas ainda estão cheias de cadáveres putrefatos.

"Precisamos de um sentimento de normalidade", defendeu Gwendolyn Pang, secretária-geral da Cruz Vermelha das Filipinas, ressaltando que os sobreviventes não deveriam ter que viver olhando "corpos, animais mortos e detritos em todos os lugares".

Um sentimento compartilhado pelo prefeito de Tacloban, Alfred Romualdez, que pede ajuda, principalmente para o transporte dos corpos que começaram a ser enterrados nesta quinta em valas comuns. "Eu não posso usar um caminhão para recolher os corpos pela manhã e usá-lo para distribuir ajuda na parte da tarde", ressaltou.

Segundo ele, as agências humanitárias não estão chegando rápido o suficiente, porque querem primeiramente avaliar as necessidades. "É como um assalto a banco. É melhor ter todas as unidades respondendo. Chegamos ao sétimo dia e eles continuam tentando estimar", lamentou.

Dada a dimensão da tarefa, a ONU pediu 301 milhões de dólares e muitas ONGs também apelam à generosidade das pessoas.

Como a organização Ação contra a Fome. Neste "pesadelo logístico", as operações de socorro "têm um custo financeiro extremamente alto", observou em comunicado.

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