Um terço das crianças que tiveram o colesterol examinado em um estudo nos Estados Unidos registrava níveis altos ou no limite, o que representa um risco maior de doenças cardiovasculares na idade adulta. Os cientistas analisaram o histórico médico de quase 13.000 crianças no Texas com idades entre 9 e 11 anos. O teste de colesterol era parte de exames de rotina.
Deste grupo, 4.700 crianças (30%) tinham o colesterol alto ou no limite, destaca o estudo apresentado na conferência anual do American College of Cardiology.
Os resultados preocupantes mostram que esta é "uma população que precisa de atenção e potencialmente poderiam beneficiar-se de um tratamento", disse o médico Thomas Seery, pediatra e cardiologista no Hospital Infantil de Texas, além de professor de Pediatria na Baylor College of Medicine. Seery foi o coordenador do estudo.
As doenças cardiovasculares não são frequentes entre crianças, mas a presença de alguns fatores de risco na infância pode aumentar as probabilidades de desenvolvimento de doenças do coração quando adultos. Estudos anteriores mostraram que a arteriosclerose pode começar na infância.
"Se conseguirmos identificar e trabalhar para reduzir o colesterol nas crianças, poderemos, potencialmente, ter um impacto positivo ao deter as mudanças vasculares e reduzindo as possibilidades de doenças futuras", escreveu Seery.
O pediatra considera a questão importante em um momento de crescente epidemia de obesidade nos Estados Unidos, que provoca um número cada vez maior de crianças com dislipidemia, uma quantidade acima do normal de colesterol no sangue.
Estudos mostram que nos Estados Unidos 31,9% das pessoas com idades entre dois e 19 anos têm sobrepeso ou são obesas.
Os cientistas também detectaram que os meninos são mais propensos que as meninas a registrar taxas elevadas de colesterol total, as lipoproteínas de baixa densidade (LDL), ou colesterol "ruim", e os triglicerídeos.
Os autores esperam que as descobertas ajudem a dar mais destaque às diretrizes divulgadas pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue em 2011, apoiadas pela Academia Americana de Pediatria, que defendem a análise universal do colesterol das crianças de nove aos 11 anos, assim como novas análises entre 17 e 21 anos.