Separatistas pró-russos atacaram nesta segunda-feira a sede do Ministério do Interior na cidade de Gorlovka, e o prédio da polícia de Horlivka, ambas cidades localizadas na mesma região de Donetsk onde ainda há conflitos entre as tropas de governo e os manifestantes. As novas invasões desafiam as advertências de Kiev, que estipulou um prazo - já vencido - para que os ativistas abandonassem os prédios antes de uma ação militar violenta por parte do Exército.
Dezenas de homens jogaram pedras, quebraram janelas e invadiram a sede policial de Horlivka. Após a ocupação, eles hastearam uma bandeira Russa. Segundo a imprensa local, houve disparos, aparentemente de policiais que estavam no prédio, e que dispararam contra os agressores.
Essas duas invasões foram os mais recentes sinais dos conflitos na região do leste da Ucrânia, onde os manifestantes que são a favor da anexação ao território russo bloquearam e invadiram prédios do governo ucraniano em nove cidades.
Oleksandr Sapunov, um dos invasores da sede policial, disse que os insurgentes estão lutando contra as determinações de Kiev - incluindo a polícia local - e exigem a nomeação de lideranças próprias. "As pessoas vieram para dizer que eles (polícia) são um fantoche de Kiev e que não vamos aceitar isso", disse Sapunov.
O governo da Ucrânia acusou Moscou de instigar os protestos. Um dia depois de ameaçar lançar uma operação militar em larga escala para retirar militantes pró-Moscou de uma série de cidades capturadas no leste da Ucrânia no fim de semana, o presidente interino ucraniano, Oleksandr Turchynov, disse hoje que não se opõe à realização de um referendo sobre a possibilidade de conceder maior autonomia a regiões do país. Turchynov expressou confiança de que os ucranianos votarão contra a transforma do país em uma federação.
Enquanto isso, o prazo do governo ucraniano para os atiradores pró-russos abandonarem as construções do governo no leste - que era até às 3h (horário de Brasília) - não foi respeitado, sem nenhum sinal de qualquer ação nas próximas horas por parte dos insurgentes. O governo ainda não se manifestou sobre a situação.
Em entrevista à agência Interfax, o governador da região de Donetsk, Serhiy Taruta, disse que uma operação antiterrorista estava em andamento na região. Taruta não deu detalhes de como as forças agiriam. "Eles são terroristas e não vamos deixá-los decidir sobre a nossa terra", disse.
O vice-ministro do Interior, Mykola Velichkovych, reconheceu hoje que alguns policiais da região estavam mudando para o lado dos separatistas e entregando o poder das delegacias. "Temos informações de que no leste há inúmeros casos de sabotagem da própria polícia", afirmou.