Um organismo católico australiano encarregado de combater a pedofilia na Igreja afirmou nesta terça-feira (15) que o número de sacerdotes pedófilos no país foi historicamente de 4%, o dobro do que o papa Francisco estimou, segundo o jornal italiano La Repubblica.
O jornal italiano publicou no domingo uma entrevista do santo padre na qual ele dizia que, "segundo números contrastados, a porcentagem de pedófilos na Igreja é de 2% (...) Estes 2% incluem sacerdotes e inclusive bispos e cardeais".
Pouco depois, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, afirmou que os números não correspondem com o que o Papa quis dizer em sua entrevista a Eugenio Scalfari, o fundador do La Repubblica.
Francis Sullivan, chefe do Conselho para a Verdade, a Justiça e a Reparação, declarou que esta porcentagem foi historicamente maior na Austrália.
O conselho está compilando uma base de dados sobre abusos sexuais cometidos por religiosos na Austrália que remonta a 1940. Segundo os dados preliminares, a porcentagem de padres que abusaram de crianças foi de 4% na ilha-continente, segundo Sullivan.
"Até o momento temos números muito mais altos do que o Papa disse na imprensa", declarou Sullivan à AFP.
O funcionário insistiu que a estimativa é um cálculo histórico, e que isso "não significa que no clero atual existam 4% de culpados de abusos sexuais de crianças".O conselho espera concluir a base de dados em nível nacional no fim do ano.