Apedrejamento

Síria: grupo de oposição apedreja mulheres por adultério

Os combatentes jihadistas, em sua maioria extremistas estrangeiros, o fizeram eles mesmos, apedrejando Faddah Ahmad até seu corpo ser levado embora

Do JC Online
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Publicado em 09/08/2014 às 17:32
ANWAR AMRO / AFP
Os combatentes jihadistas, em sua maioria extremistas estrangeiros, o fizeram eles mesmos, apedrejando Faddah Ahmad até seu corpo ser levado embora - FOTO: ANWAR AMRO / AFP
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Um clérigo lê o veredicto antes de o caminhão chegar e despejar um grande monte de pedras perto do jardim municipal. Combatentes islamitas trazem a mulher, vestida de preto dos pés à cabeça, e a colocam em um pequeno buraco no chão. Os moradores chegam e os combatentes lhes dizem para cumprir a sentença: para a suposta adúltera, apedrejamento até a morte.

Ninguém na multidão se apresentou, disse uma testemunha do evento, ocorrido em uma cidade no norte da Síria. Então, os combatentes jihadistas, em sua maioria extremistas estrangeiros, o fizeram eles mesmos, apedrejando Faddah Ahmad até seu corpo ser levado embora.

"Mesmo ao ser atingida pelas pedras, ela não gritou, nem se moveu", afirmou um ativista de oposição que disse ter testemunhado o apedrejamento perto do estádio de futebol e do jardim Bajaa, na cidade de Raqqa, principal bastião do Estado Islâmico, uma das principais forças que tentam derrubar o governo do presidente da Síria, Bashar al-Assad.

O apedrejamento, em 18 de julho, foi o segundo em apenas 24 horas. Um dia antes, Shamseh Abdullah, de 26 anos, foi morta da mesma forma por guerrilheiros do Estado Islâmico na cidade próxima de Taqba. As duas mulheres haviam sido acusadas de fazer sexo fora do casamento.

As execuções das duas mulheres foram as primeiras desse tipo no norte da Síria desde que os combatentes do Estado Islâmico tomaram grandes faixas de território, aterrorizando os moradores com sua interpretação estrita da lei islâmica, que prevê a decapitação para alguns crimes e decepar as mãos de ladrões. Recentemente, os jihadistas amarraram um garoto de 14 anos a uma cruz e o deixaram por várias horas sob o Sol quente do verão, antes de soltá-lo - punição por não ter feito jejum durante o dia inteiro durante o mês sagrado islâmico do Ramadã.

O grupo também brutalizou muçulmanos xiitas e outros a quem vê como apóstatas. No vizinho Iraque, militantes do Estado Islâmico obrigaram membros da minoria religiosa iazidi a fugirem de várias cidades e aldeias. Milhares de iazidis em fuga ficaram ilhados no topo de uma montanha por vários dias, numa crise humanitária à que os EUA reagiram esta semana com lançamentos de alimentos e água de paraquedas - além de ataques aéreos contra unidades do Estado Islâmico que cercavam a montanha.

Na última sexta-feira, Kamil Amin, porta-voz do Ministério de Direitos Humanos do Iraque, disse que centenas de mulheres iazidi com 35 anos de idade ou menos estão sendo mantidas por combatentes do Estado Islâmico em escolas de Mosul, a segunda maior cidade do país, que os rebeldes capturaram em junho.

Os apedrejamentos ocorridos na Síria no mês passado não foram muito divulgados quando aconteceram, mas nos dias seguintes, três fotografias apareceram nas redes sociais, aparentemente documentando as execuções; as imagens eram consistentes com o que os repórteres da Associated Press verificaram em outras ocasiões.

As fotos, postadas em uma conta recentemente criada no Twitter, mostravam dezenas de pessoas reunidas em uma praça, um clérigo lendo um veredicto por meio de um alto-falante e vários homens de barba com fuzis automáticos, carregando ou apanhando pedras. "Mulher casada sendo apedrejada na presença de alguns crentes", dizia a legenda das fotos na conta do Twitter, que depois disso foi suspensa.

 


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